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Von der Leyen comemora acordo: "Por fim, podemos deixar o Brexit para trás"

24/12/2020 19h10

Bruxelas, 24 dez (EFE).- A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta quinta-feira que União Europeia (UE) e Reino Unido chegaram a um acordo "justo e equilibrado" sobre a futura relação comercial entre ambos, o que permite deixar o Brexit "para trás".

"Por fim, podemos deixar o Brexit para trás, e a União Europeia pode continuar avançando", disse a política alemã após anunciar o acordo, que será aplicado a partir de 1º de janeiro de 2021 e "evitará perturbações" a trabalhadores, viajantes e empresas.

Von der Leyen reconheceu que fechar um pacto foi "um caminho longo e sinuoso", as que "era um acordo pelo qual era preciso lutar".

"Protegerá os interesses dos europeus e, acredito, os do Reino Unido", disse a presidente da Comissão Europeia, que descreveu o pacto como "um novo ponto de partida com um amigo de longa data".

Segundo Von der Leyen, o acordo garantirá que a concorrência no mercado "permanecerá justa" e que as normas da UE serão respeitadas, uma vez que o acordo contém "instrumentos eficazes para reagir se o comércio for distorcido e afectado".

"Continuaremos a cooperar com o Reino Unido em todas as áreas de interesse mútuo, por exemplo, nas mudanças climáticas, energia, segurança e transportes. Juntos, ainda conseguimos mais do que separados", acrescentou.

Após uma noite em claro de negociações, a uma semana do precipício do "Brexit duro" e com a pesca em águas britânicas tornando-se o último obstáculo para o acordo, Von der Leyen disse que o pacto proporcionará "quatro anos e meio de previsibilidade absoluta" à frota europeia.

O pacto será analisado na sexta-feira pelos embaixadores da UE a partir das 10h (horário local; 6h em Brasília), e o texto, de aproximadamente 2 mil páginas, será enviado às capitais para que seja validado em um ou dois dias.

Dessa forma, será possível iniciar um procedimento de urgência para que o acordo possa ser parcialmente aplicado a partir de 1º de janeiro, enquanto o Parlamento britânico (que em 2019 rejeitou o acordo de saída três vezes), o Parlamento Europeu, os parlamentos dos 27 Estados-membros e os de algumas regiões aprovam o pacto.

"MUITAS MUDANÇAS" APESAR DO ACORDO.

Michel Barnier, que liderou as negociações em nome dos 27 países da UE desde que as conversas sobre o Brexit começaram há quatro anos, disse que chegar a um acordo é um "alívio".

"O Reino Unido decidiu deixar a UE e o mercado único, renunciando aos direitos e benefícios de um Estado-membro, e o nosso acordo não reproduz esses direitos e benefícios. Portanto, apesar do acordo, haverá muitas mudanças em poucos dias, a partir de 1º de janeiro, para muitos cidadãos e empresas, como consequência do Brexit", disse Barnier.

O negociador-chefe europeu explicou que a associação entre as partes será construída em torno de quatro pilares, começando pelo livre intercâmbio em nível comercial, "sem tarifas nem cotas", mas com "novas regras" para garantir uma igualdade de condições.

Além disso, haverá uma associação "econômica e social" que cobrirá aspectos como o transporte aéreo e rodoviário, a energia e a luta conta a crise climática, além da pesca.

O terceiro pilar será a "segurança dos cidadãos", já que o combate ao terrorismo e a criminalidade "necessita uma firme colaboração. Por último, será assegurada uma governança "baseada no diálogo", com mecanismos de regulações de diferenças obrigatórios e sanções quando necessárias.

Assim como Barnier, Von der Leyen se disse aliviada e, como o Brexit representa um assunto de soberania, compartilhou uma reflexão filosófica sobre "o que significa exatamente soberania no século XXI".

"Para mim, significa poder trabalhar, viajar, estudar e fazer negócios em 27 países. Trata-se de unir as nossas forças e falar em conjunto em um mundo cheio de grandes poderes. E, em tempos de crise, trata-se de nos ajudarmos uns aos outros em vez de tentarmos ficar de pé", analisou.

"A UE mostra como isto funciona na prática. E nenhum acordo pode mudar a realidade ou a gravidade no mundo de hoje. Somos um dos gigantes", acrescentou.

A política alemã pediu defendeu "virar a página e olhar para o futuro, considerando o Reino Unido "um outro país", mas que "continua sendo um parceiro confiável porque britânicos e comunitários são aliados há muito tempo" e compartilham "os mesmos valores".

"Digo a todos os europeus: é hora de deixar o Brexit para trás, o nosso futuro está na Europa", concluiu a presidente da Comissão.

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(foto) (vídeo)