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Guedes promete mais diálogo com a indústria

Lu Aiko Otta

Brasília

27/11/2018 08h04

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu nesta segunda-feira (26) a representantes da indústria que manterá um canal de diálogo direto com o setor. Com isso, procurou aplacar as preocupações dos industriais, que temiam ficar negligenciados com o fim do que é hoje o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). A pasta tende mesmo a ser fundida ao superministério da Economia, apesar da proposta do empresariado de ser criado o Ministério da Produção, Emprego e Comércio.

Os industriais queriam uma pasta própria porque, historicamente, as políticas para o setor eram objeto de embate entre a Fazenda e a pasta da Indústria. Guedes explicou ao grupo que, ao fundir o Mdic no seu superministério, essa contraposição será eliminada. E assegurou que manterá um canal de diálogo aberto para avançar com uma agenda de retomada do crescimento econômico.

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Participaram da reunião com Guedes, na sede do BNDES, oito entidades que representam as indústrias siderúrgica (Aço Brasil), têxtil (Abit), química (Abiquim), automobilística (Anfavea), de máquinas e equipamentos (Abimaq), de brinquedos (Abrinq), além da Associação de Comércio Exterior e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Segundo relato dos representantes dessas entidades, ao explicar sua estratégia, Guedes assegurou que a abertura comercial ocorrerá de forma cautelosa, negociada e concomitante ao avanço da agenda de competitividade. "Uma abertura unilateral não é possível com o custo que o Brasil tem", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel.

O jornal O Estado de S. Paulo noticiou no dia 10 de novembro que a equipe de Guedes analisava três estudos sobre abertura comercial que tinham como traço comum a abertura unilateral, ou seja, a redução de tarifas de comércio sem contrapartidas. Esse não é, porém, o caminho adotado pela equipe do futuro ministro.

Houve concordância entre Guedes e os empresários que a agenda de competitividade começa com o ajuste fiscal. E, nesse ponto, a reforma da Previdência é o ponto número um. Os representantes da indústria se propuseram a se articular com parlamentares próximos ao setor no Congresso em busca de apoio.

Outra linha que pode avançar é a da desburocratização. "Não dá manchete, mas influencia muito o custo das empresas", disse Pimentel. Ele aponta um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário que estima em R$ 65 bilhões o custo da papelada no país. Um outro levantamento mencionado na conversa diz que os passivos contingentes das empresas brasileiras, com ações na Justiça, equivalem a 34% do ativo delas, ante uma média mundial de 15%.

"Não pedimos nada", frisou Marco Polo, presidente do Instituto Aço Brasil. O grupo disse a Guedes que o Mdic não é um balcão de benesses do governo. "Os incentivos que existem foram dados pela Fazenda", afirmou o executivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.