Volks: acordo de Brasil com Argentina é positivo porque prevê transição suave
O presidente da Volkswagen para a região da América do Sul e do Caribe, Pablo Di Si, ficou satisfeito com o novo acordo anunciado hoje por Brasil e Argentina para o setor automotivo. "É um bom acordo para ambos os países porque prevê uma transição suave até chegar ao livre comércio", disse o executivo.
O acordo atual, que vai até junho de 2020, tem uma regra que limita o comércio entre os dois países. Para cada US$ 1 importado pelo Brasil da Argentina sem tarifas, o Brasil pode exportar US$ 1,5 para lá. É o que os dois governos chamam de sistema flex.
Segundo o que foi divulgado hoje pelo Ministério da Economia, essa proporção subirá gradualmente até chegar a 3 em 2028, deixando de existir em 2029, quando passa a valer o livre comércio. Já haverá aumento nos últimos meses que restam do acordo atual, para 1,7. A partir de julho de 2020, vai a 1,8.
Di Si, contudo, reconheceu que, nos primeiros anos, o acordo não deve ter efeito prático no comércio de veículos entre os dois países, em razão da crise argentina, que reduziu drasticamente a demanda do país vizinho por carros brasileiros. O acordo facilita a exportação brasileira para lá, mas, sem demanda, há pouco o que fazer. "Não deve ter efeito neste ano nem no próximo", afirmou.
O presidente da Volkswagen acredita que o ritmo da transição é adequado, dando tempo para as empresas se prepararem. Além disso, comemorou o fato de o acordo ter uma duração de dez anos, prazo maior do que costumava ser feito nos acordos anteriores. O atual, por exemplo, tem prazo de quatro anos. "Eu pedi tanto aos governos, como Volkswagen, para que, seja qual for o acordo, que seja de oito ou dez anos, pois dá previsibilidade para fazer investimentos", explicou.
O executivo também gostou da redução do índice de conteúdo regional, que cairá de 60% para 50%. "Se eu pudesse nacionalizar tudo, eu faria, mas à vezes, um projeto se torna inviável porque não chega ao conteúdo regional, aí eu não faço. Há projetos nossos com 50% de conteúdo regional que agora podem dar certo", afirmou. "Mas queremos nacionalizar mais, temos projetos concretos, já aprovados, para os próximos três ou quatro anos, com mais nacionalização", disse.
Di Si não acredita que o acordo possa ser revertido em caso de vitória da oposição na eleição presidencial argentina, prevista para ocorrer nas próximas semanas. "Brasil e Argentina têm dois governos democráticos. O acordo traz benefícios para os dois países. Não acredito que qualquer governo possa mudar isso", afirmou.
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