ANP diz que refinarias da Petrobras tiveram forte queda; FUP vê redução para 50%
A queda abrupta da demanda por combustíveis causou uma forte redução no fator de utilização das refinarias da Petrobras, que agora priorizam a produção de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) para abastecer o mercado interno, além de importar o insumo, disse o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Felipe Kury.
Sem citar o tamanho da queda nas refinarias, Kury repetiu dados já confirmados pelo presidente da estatal, Roberto Castello Branco, de acentuadas quedas no consumo de Querosene de Aviação (84%), gasolina (35%) e diesel (22%), em um webinar promovido na noite de quinta-feira pela agência EPBR.
"Em função da mudança do comportamento na vida de todos, houve um grande aumento na procura de GLP, que chegou a faltar, mas na próxima semana deve ter o abastecimento normalizado", disse o executivo da agência reguladora do setor. "Temos missão de preservar o abastecimento", lembrou.
De acordo com a última informação da Petrobras, em março, as refinarias operavam com fator de capacidade de 76% no ano passado e caiu para 74% este ano. "O que precisa é o mercado voltar a crescer, para o produtor poder escoar os estoques, que estão muito altos", informou Kury.
Protestos
A redução da produção das refinarias da Petrobras acompanha a demanda do mercado interno, mas tem provocado o protesto da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que iniciou campanha pelas redes sociais pedindo a saída do atual presidente (#ForaCastelloBranco).
Em pequenos vídeos na porta das refinarias da companhia espalhadas pelo País, sindicalistas denunciam queda de até 50% na produção das unidades e culpam a atual política de preços da empresa, que preserva a paridade com o mercado internacional.
A FUP defende que os preços sejam reduzidos em benefício da população em meio à crise do coronavírus, além de fornecimento de combustíveis grátis ou com subsídio para ambulâncias, bombeiros, e outros veículos que estejam o combate à pandemia.
De acordo com Iran Gonçalves, presidente do Sindipetro-Ceará/Piauí, em vídeo em frente à Lubnor, uma das oito refinarias da Petrobras que serão vendidas, a estatal parou todas as plataformas de produção de petróleo no Ceará e isso afetará a economia de vários municípios que dependem dos royalties da commodity. Além disso, Gonçalves afirma que 400 trabalhadores ficarão sem emprego.
Segundo a Petrobras, todos os empregados das 62 plataformas que irão hibernar em função da crise provocada pela pandemia da covid-19 para reduzir a produção serão realocados e terão opção de aderir ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) se não concordarem com a transferência.
A redução da produção também visa reduzir o estoque de derivados, que sem demanda não tem mais onde ser acumulado, com a exportação também limitada pela falta de demanda externa.
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