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Brasil se preparou bem para 'lockdown' por 3 meses, diz Mansueto

Mansueto Almeida - DANIEL RESENDE/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Mansueto Almeida Imagem: DANIEL RESENDE/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Lorenna Rodrigues

Brasília

14/05/2020 12h25

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse que o Brasil se preparou "muito bem" para um "lockdown" de três meses, mas não se sabe se isso será suficiente. "Nenhum país do mundo sabe. A saída do distanciamento social dependerá de uma série de fatores, como a massificação dos testes", afirmou.

Mansueto voltou a tratar da necessidade de conter reajustes dos servidores públicos, mas flexibilizou o discurso e disse que isso não impede a criação de bônus para servidores que estão atuando no combate à covid-19.

Em audiência virtual na Comissão Mista de Acompanhamento da covid-19 do Congresso Nacional, o secretário reforçou que o futuro da economia brasileira dependerá de reformas. "Não faz sentido dizer que agora Brasil vai quebrar, o futuro não está determinado", completou.

O secretário reforçou a necessidade de avaliar os programas públicos e disse que o país gasta dinheiro demais em programas que não estão dando o retorno esperado.

Mansueto ressaltou que o déficit público neste ano pode chegar a R$ 700 bilhões (9% do PIB), mas afirmou que a preocupação em 2020 não é com ajuste fiscal, mas com as pessoas. "O importante é que os investidores confiem na capacidade do país em pagar a dívida", completou.

Empréstimo para folha

O secretário do Tesouro Nacional disse que as empresas não estão contratando empréstimo nas linhas de financiamento voltadas para folha de pagamento, que têm subsídio do governo, porque há a contrapartida de não demitir os empregados depois. "As empresas estão inseguras se precisarão ou não colocar o trabalhador para fora. Vai sobrar dinheiro na linha", afirmou.

Na audiência virtual do Congresso Nacional, o secretário respondeu a perguntas sobre a necessidade de aumentar o investimento público e disse que, apesar do pouco espaço fiscal, essa não é uma agenda contraditória à de privatizações. "Há estradas que não são atrativas ao setor privado, por exemplo, não são agendas contraditórias".

Mansueto foi questionado ainda sobre projetos de taxação de grandes fortunas e disse que há economistas que defendem que isso reduz o incentivo para o enriquecimento e a poupança dos indivíduos. "Já o imposto sobre herança no Brasil é muito baixo, prefiro discutir esse imposto e a tributação sobre a renda", completou.