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Índice de preços de alimentos da FAO sobe 3,9% e bate maior nível em 6 anos

Colheita de soja em Porto Nacional (TO) - Roberto Samora
Colheita de soja em Porto Nacional (TO) Imagem: Roberto Samora

Marcela Guimarães

São Paulo

03/12/2020 08h25

O índice de preços dos alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) subiu 3,9% na comparação com o mês anterior e apresentou a sexta elevação consecutiva de preços, alcançando média de 105 pontos em novembro, nível mais alto desde 2014.

O aumento mensal foi o mais acentuado desde julho de 2012. O índice também apresenta elevação de 6,5% em comparação com novembro de 2019.

O resultado mensal, segundo a FAO, foi impulsionado, em grande parte, por um forte salto nos preços dos óleos vegetais. O subíndice que rastreia os preços do óleo vegetal aumentou 14,5% em novembro, liderado pelos preços do óleo de palma, seguido pelos de açúcar, cereais, laticínios e carnes, disse a FAO.

A instituição informou que todos os alimentos tiveram aumento em novembro.

O subíndice de preços dos Cereais registrou média de 114,4 pontos em novembro, 2,7 pontos (2,5%) acima de outubro e 19,0 pontos (19,9%) mais alto do que foi verificado em novembro de 2019.

De acordo com a organização, entre os cereais, o preço do trigo apresentou escalada principalmente em virtude de uma perspectiva de aperto no fornecimento para exportação e de redução nas projeções de colheita na Argentina.

Os preços do milho também aumentaram ainda mais em novembro, apoiados por compras expressivas da China, em meio a novos cortes nas estimativas de produção deste ano nos Estados Unidos e na Ucrânia, ambos os principais exportadores.

A demanda firme continuou a elevar os preços da cevada e do sorgo para ração animal. Em contrapartida, os preços internacionais do arroz se mantiveram estáveis em novembro.

O levantamento mensal destacou o óleo vegetal, que teve média de 121,9 pontos em novembro, ganhando impressionantes 15,4 pontos (ou 14,5%) na comparação mensal e atingindo seu nível mais alto desde março de 2014.

Segundo a instituição, a escalada nos preços reflete, "principalmente aumentos adicionais nos preços do óleo de palma, combinados com novos aumentos na soja, canola e de valores de óleo de semente de girassol".

As cotações internacionais do preço do óleo de palma aumentaram pelo sexto mês consecutivo, sustentadas pela queda dos níveis dos estoques mundiais, já que a produção foi menor nos principais países produtores, enquanto a demanda global manteve-se aquecida.

Quanto ao óleo de soja, os preços se firmaram em meio à pouca disponibilidade de exportação na América do Sul e "à demanda de importação da Índia, notadamente mais alta".

Leite e derivados

Ainda na sondagem mensal da FAO, o subíndice de preços dos lácteos atingiu média de 105,3 pontos em novembro, alta de 0,9 pontos (0,9%) no comparativo mensal, continuando a tendência de alta registrada nos últimos meses e aproximando-se de um recorde em 18 meses.

O aumento mais recente foi em grande parte "impulsionado pelos preços mais firmes da manteiga e do queijo, refletindo aumentos constantes na demanda global e um aumento nas vendas no varejo na Europa, coincidindo com a produção de leite da região atingindo níveis baixos devido a fatores sazonais".

Em contrapartida, após seis meses de aumentos consecutivos, os preços do leite em pó desnatado caíram por causa de um ritmo mais lento de compras na Ásia, especialmente na China, juntamente com o aumento de exportação, incluindo os excedentes em pó da Índia.

Carnes

Conforme a FAO, o índice geral de carnes teve média de 91,9 pontos em novembro, um aumento de 0,8 ponto (0,9%) na comparação mensal, marcando o primeiro aumento desde janeiro, mas ainda 14,6 pontos (13,7%) abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

Os preços internacionais da carne bovina aumentaram após quatro meses de quedas consecutivas, estimulados principalmente pela forte demanda da China e à oferta restrita da Oceania.

O Brasil é citado em relação à carne suína. Os preços do alimento se recuperaram ligeiramente, sustentados também pelo ritmo acelerado de compras chinesas "enquanto houve baixa disponibilidade de animais para abate no Brasil", afirma a FAO.

Além disso, Alemanha e Polônia continuaram proibidas de exportar para os mercados asiáticos por causa dos surtos de peste suína africana.

Os preços da carne ovina também subiram, principalmente em virtude da firme demanda de importação da China e da baixa oferta da Oceania. Em contraste, as cotações da carne de frango caíram.

Açúcar

A FAO calculou, ainda, que o subíndice de preços do açúcar ficou na média de 87,5 pontos em novembro, 2,8 pontos acima (3,3%) em relação a outubro, representando o segundo aumento mensal consecutivo.

O aumento nas cotações internacionais do açúcar em novembro foi sustentado, principalmente, por estimativas de queda na produção global em 2020/21, com perspectivas de safra mais fracas na União Europeia, Tailândia e Federação Russa, uma vez que as condições climáticas desfavoráveis afetaram os rendimentos.

Os preços do açúcar também receberam sustentação adicional, após as safras e infraestrutura de cana danificadas por furacões na Nicarágua, Honduras e Guatemala.