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Presidente do grupo Arezzo nega fama de negociador furioso; veja entrevista

"É extrema inverdade falar isso e minha consciência é tranquila nesse sentido. Deveria até ser mais (furioso)" - Theo Wargo/Getty Images
'É extrema inverdade falar isso e minha consciência é tranquila nesse sentido. Deveria até ser mais (furioso)' Imagem: Theo Wargo/Getty Images

Talita Nascimento

Em São Paulo

18/05/2021 14h25Atualizada em 18/05/2021 14h55

Após uma oferta considerada agressiva pela Hering, a Arezzo acabou sendo passada para trás por um movimento surpresa do Grupo Soma na disputa pela companhia.

O presidente do grupo Arezzo, Alexandre Birman, diz, porém, que a empresa é da paz e que a fama de negociador furioso não tem lastro na realidade. "É extrema inverdade falar isso e minha consciência é tranquila nesse sentido. Deveria até ser mais (furioso)", disse.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

O Estado de S. Paulo: Em que pé está o negócio digital da Arezzo?

Alexandre Birman: Em 2018, demos o pontapé inicial no digital e na visão omnichannel (integração entre lojas físicas e internet). Foram milhões em investimentos em tecnologia e, sobretudo, na cultura da equipe. Quando veio a primeira onda de restrição à circulação, em março de 2020, levou um tempo até colocarmos tudo de pé e definirmos a nova forma de operar. Mas, a partir de maio, já iniciamos um momento bom. A força de venda ficou 100% ativa e mantivemos, com as lojas fechadas, patamar de 52% das vendas de 2019 e crescimento turbinado com e-commerce.

Estadão: A empresa está preparada caso venha uma terceira onda?

AB: Nosso viés é positivo: pior do que foi, não será. Mas talvez não seja uma linha reta de crescimento. Haverá momento de maior desafio e depois volta ao normal, em uma curva crescente e não linear.

Estadão: Os franqueados tiveram renegociação de aluguéis com os shoppings?

AB: Na maioria dos shoppings, nosso custo de ocupação é melhor do que o de outros lojistas. Nos casos em que os shoppings veem que o ponto comercial está em dificuldade, há boas negociações. Nunca judicializamos nenhum tipo de pagamento. A gente é uma empresa da paz, em todos os sentidos.

Estadão: Mas, nas últimas semanas, muito se falou da "fúria do Birman" em negociações...

AB: Primeiro, sou justo demais. Pago o preço justo, inclusive no âmbito pessoal. Nosso modelo de negócio é transparente: não fico negociando a compra no meu fornecedor para ganhar margem melhor. Nosso fornecedor sabe o preço de venda. O franqueado sabe quanto comprou na fábrica. Se a gente atua no core business assim, quem diz que eu sou furioso na negociação? É extrema inverdade falar isso e minha consciência é tranquila nesse sentido. Deveria até ser mais.

Estadão: O sr. se refere ao caso Hering?

AB: Não. Quis dizer que sou extremamente conservador em vários sentidos e, nesse caso, não deixa de ser verdade. Em nossa opinião e na dos principais bancos que nos assessoraram, a forma que conduzimos foi extremamente aberta e transparente. Realmente, foi motivo de muita surpresa a forma como aconteceu, mas não tenho muito a falar sobre isso.

Estadão: Após a compra da Hering não ter saído, o mercado espera agora um próximo movimento da Arezzo. Qual será?

AB: Nossa empresa não foi criada para crescer por aquisições. Nossa essência é o crescimento orgânico. Quando fizemos a aquisição da Reserva, foi para entrar no segmento de vestuário. Era muito difícil nos tornarmos relevantes do zero. A expansão por aquisição é algo novo. Mesmo se tivéssemos concretizado a aquisição da Hering, iríamos manter a área ativa, porque hoje é uma prerrogativa da empresa. Não tinha desespero. Era uma oportunidade que acreditávamos estar na hora certa, no preço certo. Não aconteceu. Continua nossa agenda normal de M&A (fusões e aquisições), sem acelerar e sem frear.

Estadão: Após a Hering, só restaram menos empresas "compráveis"?

AB: De grande porte, não. De pequeno porte, tem várias. Temos opções interessantes, algumas de baixíssimo risco e endividamento, com possibilidade de crescimento de longo prazo. Outras com trabalho um pouco maior de reconstrução. Pode ser que a gente venha com aquisição de menor porte, mais digital. Pode ser uma empresa de moda feminina ou uma marca que já fez muito sucesso, mas precisa de reposicionamento.

Estadão: Fontes falam da Restoque.

AB: Não faz parte.

Estadão: E a C&A?

AB: Não é um bom alvo, pelo modelo de negócios e a classe social. Hoje, não faz parte do nosso pipeline (plano).

Estadão: Falam da Inbrands. Algumas marcas, não a empresa toda.

AB: Inbrands tem marcas interessantes. O conjunto da obra, infelizmente, não foi exitoso. É o máximo que posso falar.

Estadão: E Brooksfield?

AB: Sim, foi ofertada. Não tem a menor possibilidade.