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Apesar de polêmica do Auxílio, País já tem cenário fiscal melhor, diz Campos Neto

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Brasília

19/11/2021 13h49Atualizada em 19/11/2021 17h26

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que, apesar da "polêmica" envolvendo o Auxílio Brasil, o panorama fiscal do Brasil já está melhor. Campos Neto mencionou, por sua vez, que o Brasil tem se deslocado de seus pares na taxa de juros de 10 anos. "Acho que é um pouco de falta de entendimento do que é o arcabouço fiscal, mesmo com números melhores", comentou, em palestra no Meeting News, organizado pelo Grupo Parlatório.

Analisando a curva de juros futuros do País, o presidente do BC disse que os agentes econômicos entendem que é preciso maior aperto monetário neste momento, mas acreditam que será suficiente para conter inflação. Ele lembrou que o mundo emergente foi mais rápido na elevação de juros, especialmente no Brasil, onde inflação global foi ampliada por elementos internos e tem se disseminado.

Campos Neto ainda repetiu que a desconexão entre a melhora dos termos de troca e o câmbio não ocorreu só no Brasil, mas em outros países exportadores de commodities. "O que explica câmbio descolado é o nível mais elevado de dívida", reafirmou.

O presidente do BC também destacou o aumento de investimentos de brasileiros no exterior, mas que ainda tem nível baixo. Segundo Campos Neto, há avaliações sobre o que aconteceria com maior internacionalização de investimentos.

Atividade

Campos Neto afirmou que a projeção atual da autarquia para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, de 2,1%, deve ser revisada para baixo. Ao mesmo tempo, reconheceu que as expectativas de inflação de 2022 estão se desviando da meta, cujo centro é 3,50% e teto é 5,0%. No último Boletim Focus, a expectativa mediana foi de 4,79%. "Pela primeira vez, temos inflação alta importando também inflação mundial. Antes o Brasil importava deflação, é uma dinâmica muito diferente."

Em relação à redução nas projeções de crescimento, o presidente do BC considerou que uma parte tem a ver com o aperto monetário necessário para combater a inflação e outra parte está relacionada às dúvidas em relação ao arcabouço fiscal e ao avanço da agenda de reformas.

Campos Neto também voltou a defender que o controle inflacionário é um instrumento fundamental para o cenário de melhor crescimento, emprego e renda. "Inflação alta significa falta de funding de longo prazo."

Ajuste monetário global

O presidente do Banco Central destacou que o ajuste monetário global já está em curso e deve continuar, o que torna o ambiente mais desafiador do ponto de vista de fluxos de recursos e o trabalho do BC. "Alta de juros mundiais leva a alguma redução de fluxos. Temos que fazer nosso dever de casa dobrado", disse,