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Câmbio permanece em R$ 5,20 para 2022 e 2023, diz Focus

A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, mesmo valor de um mês antes - Cris Faga/NurPhoto via Getty Images
A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, mesmo valor de um mês antes Imagem: Cris Faga/NurPhoto via Getty Images

Thaís Barcellos

Brasília

22/08/2022 09h12Atualizada em 22/08/2022 09h46

O Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 22, pelo Banco Central (BC), mostrou manutenção no cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023 pela quarta semana seguida. A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, mesmo valor de um mês antes. Para 2023, também permaneceu em R$ 5,20, repetindo a estimativa de quatro semanas atrás.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

PIB de 2022 sobe de 2,00% a 2,02%

Com os últimos dados de atividade econômica, o mercado financeiro continuou melhorando os prognósticos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano no Boletim Focus, mesmo que marginalmente. A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,00% para 2,02%, oitava alta seguida, contra 1,93% há um mês. A estimativa para a expansão do PIB em 2023, por sua vez, piorou, de 0,41% para 0,39%, ante 0,49% um mês antes.

Considerando apenas as 54 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 saltou de 1,99% para 2,12%. No caso de 2023, houve 52 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação de 0,50% para 0,48%.

O Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 22, ainda mostrou manutenção na projeção para o crescimento do PIB em 2024, em 1,80%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,70 % e 2,00%, respectivamente.

O Focus também mostrou hoje redução na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana passou de 59,15% para 59,00%, mesmo porcentual de um mês atrás.

O relatório trouxe ainda estabilidade na perspectiva para a relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, com o mercado prevendo superávit de 0,30%. Há um mês, a mediana era positiva em 0,22%. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 continuou em 6,80%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB cedeu de 63,97% para 63,65%, de 63,60% há um mês. A mediana para o déficit primário se deteriorou, de 0,37% para 0,47% do PIB. Para o rombo nominal, a estimativa continuou em 7,70%. Os porcentuais eram negativos em 0,30% e 7,70%, respectivamente, há quatro semanas.

Balança comercial

Os economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de superávit da balança comercial em 2022 de US$ 66,40 bilhões para US$ 67,20 bilhões, ante US$ 68,50 bilhões de um mês atrás, segundo a pesquisa Focus. Para 2023, a projeção continuou em US$ 60,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas.

No caso da projeção de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, a mediana seguiu em US$ 18,50 bilhões, contra US$ 18,00 bilhões de um mês atrás. Em 2023, a projeção para o rombo em transações correntes também continuou em US$ 30,00 bilhões. Há um mês, a expectativa já era deficitária em US$ 30,00 bilhões.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o rombo em transações correntes nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 permaneceu em US$ 58,00 bilhões, ante US$ 57,85 bilhões de um mês atrás. Para 2023, também continuou em US$ 65,00 bilhões, de US$ 60,75 bilhões há quatro semanas.

Selic no fim de 2022 permanece em 13,75% ao ano

A projeção para a taxa Selic no fim de 2022 continuou pela 9ª semana seguida em 13,75% no Boletim Focus, seu atual patamar, com a sinalização do Banco Central de que o ciclo de alta de juros pode ter se encerrado no Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto. Há um mês, o porcentual já era de 13,75%. Da mesma forma, a mediana para a Selic no final de 2023 permaneceu em 11,00%, de 10,75% quatro semanas antes.

Considerando apenas as 75 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o término de 2023, as 74 revisões feitas nos últimos cinco dias úteis não alteraram a mediana de 11,00%.

No Copom deste mês, a Selic subiu 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75%, e o colegiado disse que vai avaliar a necessidade de uma alta adicional, de 0,25pp, em setembro.

"O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião. O Copom enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas", afirmou o colegiado.

Na ata, o BC acrescentou que avalia que a estratégia exigida para trazer a inflação para o "redor da meta" no horizonte relevante considera o aumento definido para 13,75% em agosto e a manutenção da taxa em território bastante contracionista por um período longo.

Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.

IPCA para 2023 cede de 5,38% para 5,33%

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 22, mostrou interrupção no processo de deterioração das expectativas inflacionárias para 2023, foco principal da política monetária, embora a estimativa ainda esteja acima do teto da meta (4,75%). A mediana para o IPCA - índice oficial de inflação - cedeu de 5,38% para 5,33%, após 19 semanas de alta. Há um mês, a projeção era de 5,30%.

Para 2022, a mediana continuou sua trajetória de arrefecimento, guiada principalmente pelas medidas do governo para baixar os combustíveis e pelas recentes reduções nos preços da gasolina pela Petrobras. A estimativa cedeu de 7,02% para 6,82%, a oitava redução seguida, também bem acima do limite superior do objetivo a ser perseguido pelo Banco Central (5,00%). Há quatro semanas, a mediana era de 7,30%.

Considerando somente as 95 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 6,95% para 6,69% e a de 2023 foi de 5,34% para 5,30%.

As medianas divulgadas na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%. O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

Mostrando sinais de desancoragem mais ampla, a mediana para o IPCA de 2024 continuou em 3,41%, contra 3,30% há um mês. A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 58 semanas atrás. A meta para os dois anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 6,8% em 2022, 4,6 % em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.

IPCA em outros meses

Os economistas do mercado financeiro passaram a prever deflação maior para o IPCA de agosto, de -0,19% para -0,26 %, conforme o Relatório de Mercado Focus. Um mês antes, o porcentual projetado era de alta de 0,05%.

Para setembro, a projeção de alta do IPCA no Focus cedeu de 0,48% para 0,39% ante 0,50% há quatro semanas. Para o índice de outubro, a estimativa de aumento passou de 0,54% para 0,53%, de 0,55% um mês antes.

A estimativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses também desacelerou, de alta de 5,71% para 5,53% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,38%.