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IPCA para 2022 cede de 6,70% para 6,61%; PIB passa de 2,10% para 2,26%, projeta Focus

Para 2022, a estimativa para alta do IPCA - índice de inflação oficial - foi reduzida pela 10ª semana seguida - Getty Images
Para 2022, a estimativa para alta do IPCA - índice de inflação oficial - foi reduzida pela 10ª semana seguida Imagem: Getty Images

Eduardo Rodrigues

Brasília

05/09/2022 09h00Atualizada em 05/09/2022 10h00

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 5, mostrou continuidade do movimento de melhora das expectativas de inflação para este e o próximo ano, mas as taxas continuam indicando que o Banco Central (BC) não deve cumprir seu mandato principal por três anos consecutivos.

Para 2022, a estimativa para alta do IPCA - índice de inflação oficial - foi reduzida pela 10ª semana seguida, de 6,70% para 6,61%, reflexo das desonerações patrocinadas pelo governo para baixar os combustíveis e a energia e também do recuo dos preços da gasolina. Há um mês, a projeção era de 7,11%. Em relação a 2023, a mediana recuou pela terceira semana consecutiva, de 5,30% para 5,27%, contra 5,36% quatro semanas antes.

Considerando somente as 56 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 6,61% para 6,27%. Para 2023, variou de 5,34% para 5,09%.

As medianas divulgadas na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%. O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

Mostrando sinais de desancoragem mais ampla, a mediana para o IPCA de 2024 passou de 3,41% para 3,43%, contra 3,30% há um mês. A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 60 semanas atrás. A meta para os dois anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 6,8% em 2022, 4,6 % em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.

Outros meses

Os economistas do mercado financeiro passaram a prever deflação maior para o IPCA de agosto, de -0,31% para -0,35%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Um mês antes, o porcentual projetado era de queda de 0,15%.

Para setembro, a estimativa de alta do IPCA no Focus cedeu de 0,33% para 0,28%, ante 0,50% há quatro semanas. Para o índice de outubro, a expectativa de aumento variou de 0,53% para 0,52%, de 0,54% um mês antes.

A estimativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, por sua vez, acelerou, de alta de 5,59% para 5,62% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,69%.

Alta do PIB

Após a forte surpresa com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre (1,2%), o mercado voltou a elevar as projeções para o resultado deste ano no Boletim Focus. A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,10% para 2,26%, décima alta seguida, contra 1,98% há um mês. A estimativa para a expansão do PIB em 2023 passou de 0,37% para 0,47%, ante 0,40% um mês antes.

Considerando apenas as 45 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 avançou ainda mais, de 2,10% para 2,38%. No caso de 2023, houve 44 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação da mediana de 0,35% para 0,50%.

O Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 5, ainda mostrou manutenção na projeção para o crescimento do PIB em 2024, em 1,80%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,70% e 2,00%, respectivamente.

O Relatório de Mercado Focus também mostrou estabilidade na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana continuou em 59,00%, de 59,15% um mês atrás.

O relatório trouxe ainda a manutenção da perspectiva para a relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, com o mercado prevendo superávit de 0,30% - mesma projeção de quatro semanas antes. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 passou de 6,80% para 6,75%, ante 6,80% de um mês atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB cedeu de 63,50% para 63,30%, de 63,70% há um mês. A mediana para o déficit primário se deteriorou ligeiramente, de 0,49% para 0,50% do PIB. Para o rombo nominal, a estimativa continuou em 7,70%. Os porcentuais eram negativos em 0,30% e 7,70%, respectivamente, há quatro semanas.

Balança comercial

Os economistas do mercado financeiro alteraram a estimativa de superávit da balança comercial em 2022 de US$ 68,06 bilhões para US$ 68,03 bilhões, ante os mesmos US$ 68,03 bilhões de um mês atrás, segundo a pesquisa Focus. Para 2023, a projeção continuou em US$ 60,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas.

No caso da projeção de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, a mediana passou de US$ 18,50 bilhões para US$ 19,10 bilhões, contra US$ 18,00 bilhões de um mês atrás. Em 2023, a projeção para o rombo em transações correntes continuou em US$ 30,00 bilhões, mesma expectativa de um mês antes.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o rombo em transações correntes nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 subiu de US$ 58,00 bilhões para US$ 60,00 bilhões, ante US$ 57,20 bilhões de um mês atrás. Para 2023, foi elevada de US$ 65,50 bilhões para US$ 66,00 bilhões, de US$ 61,00 bilhões há quatro semanas.

Selic

A projeção para a taxa Selic no fim de 2022 continuou em 13,75% pela 11ª semana seguida no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira. Este é atual nível da taxa, o que mostra a expectativa majoritária do mercado financeiro é de que o ciclo de alta de juros se encerrou no Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto. Há um mês, o porcentual já era de 13,75%.

Já a mediana para a Selic no final de 2023 passou de 11,00% para 11,25%, ante 11,00% de quatro semanas antes. Considerando apenas as 41 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o término de 2023, as 39 revisões feitas nos últimos cinco dias úteis, por sua vez, reduziram a mediana de 11,25% para 11,00%

No Copom de agosto, a Selic subiu 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75%, e o colegiado disse que vai avaliar a necessidade de uma alta adicional, de 0,25pp, em setembro.

Na ata, o Banco Central (BC) acrescentou que avalia que a estratégia exigida para trazer a inflação para o "redor da meta" no horizonte relevante considera o aumento definido para 13,75% em agosto e a manutenção da taxa em território bastante contracionista por um período longo.

Porém, o Copom disse que ficará "vigilante" para avaliar se esse plano será suficiente. Mais recentemente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reforçou que não é momento de "baixar a guarda".

Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.