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BC revisa PIB de 2022 de alta de 2,7% para 2,9% e mantém 2023 em 1,0%

Previsão de crescimento do Produto Interno Bruto de 2022 passou de 2,7% para 2,9% - GETTY IMAGES
Previsão de crescimento do Produto Interno Bruto de 2022 passou de 2,7% para 2,9% Imagem: GETTY IMAGES

Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues

Brasília

15/12/2022 08h31

O Banco Central (BC) elevou sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, de 2,7% para 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 15. Pelo lado da oferta, a melhora foi puxada pelo setor de serviços cuja previsão de crescimento saltou de 3,4% para 4,1%. Esse desempenho mais que compensou a mudança para a agropecuária de zero para queda 2,0%, e a revisão para a indústria de alta de 2,4% para 1,9%. Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou alteração de 3,9% para 4,2% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 0,7% para 1,6% na previsão de alta do consumo do governo.

O documento divulgado nesta quinta-feira indica ainda que a projeção para 2022 da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia - passou de queda de 0,4% para alta de 0,7%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em setembro.

Previsão para 2023

Para 2023, o BC manteve a expectativa de crescimento do PIB em 1,0%. Pelo lado da oferta, o BC atualizou a estimativa de expansão da agropecuária de 7,5% para 7,0%, enquanto, para a indústria, a projeção variou de avanço de 0,4% para zero. No caso dos serviços, a autoridade monetária estima agora crescimento de 0,9% ante 0,6% no RTI de setembro. Já entre os componentes da demanda, o BC revisou de 0,7% para 1,2% a expectativa para o consumo das famílias e de 1,0% para 1,1% a previsão para o consumo do governo. A FBCF esperada passou de queda de 0,5% para alta de 0,3%, conforme a autarquia.

No Boletim Focus, a mediana é de crescimento de 3,05% para o PIB deste ano e 0,75% no próximo.

Projeção para IPCA 2023 é de 5,0% e 2024 é de 3,0%

O BC repetiu no relatório as estimativas de inflação para anos de 2022 a 2024 no cenário de referência, divulgadas no comunicado e na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês. A projeção para o IPCA deste ano é de 6,0%, enquanto em 2023 é de 5,0% e, em 2024, de 3,0%. O BC ainda informou a projeção para 2025, de 2,8%.

O cenário de referência utiliza juros conforme o Relatório de Mercado Focus e o câmbio atualizado de acordo com a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, considera que o preço do barril de petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura nos próximos seis meses, subindo 2% ao ano na sequência. Para a bandeira tarifária de energia, a hipótese considerada é verde no fim deste ano e amarela no final de 2023 e 2024.

As estimativas para 2022 e 2023 encontram-se acima da margem de tolerância da meta, de 5,0% e 4,75%, respectivamente. Para 2024, a projeção do BC coincide com o alvo central de 3,00%, enquanto 2025 fica aquém do centro da meta (3,0%). Atualmente, o Copom considera os anos de 2023 e 2024 no horizonte relevante, mas tem dado ênfase ao segundo trimestre de 2024.

No Boletim Focus, as medianas estavam em torno de 5,79% para 2022, 5,08% para 2023, 3,50% para 2024 e 3,02% para 2025.

O Banco Central também divulgou no RTI suas projeções de inflação de curto prazo, que abarcam os meses de dezembro a fevereiro. No fim desse trimestre, o BC destaca que os núcleos ainda devem se manter acima do nível compatível com o teto da meta.

A previsão do BC para o IPCA - o índice oficial de inflação - para dezembro é de alta de 0,70%. Já a projeção para janeiro é de aumento de 0,82% e, para fevereiro, é de elevação de 0,88%.

No RTI, o BC destacou que a inflação no trimestre encerrado em novembro surpreendeu para cima novamente, ficando 0,17 ponto porcentual mais alta do que o Copom havia projetado no documento de setembro. Dentre os fatores que explicam a surpresa altista, a autoridade monetária destacou que parte da redução esperada nas contas de luz residenciais por conta da limitação do ICMS não se concretizou. "Esse fator contribuiu com mais de dois terços da surpresa." Além disso, segundo o BC, houve alta substancial dos alimentos in natura, em função das chuvas mais fortes e mais cedo do que o esperado.

Por outro lado, o órgão ressaltou que a inflação de serviços se mostrou "significativamente" menor do que o esperado, com destaque para a dinâmica mais favorável do componente subjacente. "Portanto, a composição da surpresa sugere um quadro menos desfavorável do que o indicado por sua magnitude."

Em relação às projeções condicionais, o BC destaca que considera a reversão dos cortes de impostos federais sobre gasolina, diesel e etanol, que têm vigência até o final do ano, além do fim do uso da média móvel de 60 meses dos preços no cálculo da base do ICMS sobre combustíveis. Mas são mantidos os cortes de impostos que têm natureza permanente, conforme a legislação em vigor na data de corte deste Relatório.

Isso inclui a manutenção das alíquotas de ICMS reduzidas sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações e a retirada das tarifas de transmissão e distribuição e de encargos setoriais da base de cálculo do ICMS sobre a energia elétrica.

Além disso, o cenário considera queda do preço da gasolina ao consumidor devido ao recuo no mercado internacional. "No trimestre até fevereiro de 2023, a média dos núcleos de inflação ainda deve permanecer acima do patamar compatível com o limite superior do intervalo em torno da meta de inflação."

Projeção para saldo total de crédito em 2022 sobe a 15,1% e 2023, para 8,3%

O Banco Central (BC) promoveu ajustes em suas projeções para o mercado de crédito em 2022 e 2023. Para este ano, a instituição alterou, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), a estimativa para o saldo total de crédito de alta de 14,2% para elevação de 15,1%.

Dentro do crédito total, a projeção do saldo de operações com pessoas físicas passou de alta de 16,4% para elevação de 18,1%. No caso das empresas, a expectativa foi de 11,2% para 10,9%.

Já a projeção para o saldo de crédito livre - aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES - passou de alta de 17,2% para elevação de 16,3%. Dentro do crédito livre, a projeção para o crédito às pessoas físicas seguiu em alta de 19,0%. No caso das pessoas jurídicas, passou de elevação de 15,0% para avanço de 13,0%.

A projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, passou de 9,7% para 13,4%. Dentro do crédito direcionado, a projeção do saldo para as pessoas físicas foi de alta de 13,0% para avanço de 17,0%. No caso das pessoas jurídicas, a projeção passou de 4,0% para 7,0%. As projeções anteriores constavam no relatório de setembro.

Projeção para 2023

Para o ano que vem, o Banco Central ajustou a projeção para o crédito total de alta de 8,2% para avanço 8,3%. Na abertura para famílias, o BC alterou a estimativa de 8,7% para 9,0%. Já para empresas a estimativa variou de elevação de 7,4% para 7,3%.

No crédito livre, a expectativa foi revisada de expansão de 9,6% para 8,6%, dividido em alta de 9,0% para pessoas físicas (ante 10,0% no RTI de setembro) e avanço de 8,0% para pessoas jurídicas (contra 9,0% antes).

O BC ainda projeta elevação de 8,0% no crédito direcionado no ano que vem. No RTI de setembro, a previsão era de 6,0%. Para as famílias, a expectativa passou de aumento de 7,0% para 9,0% e, para empresas, o avanço foi de 4,0% para 6,0%.