Ex-bilionário ganha US$ 40 por mês na prisão e diz que sofre de insônia
Cinco anos depois da explosão de uma das maiores fraudes financeiras já registradas na história, o ex-bilionário Bernard Madoff, 75 anos, hoje é conhecido apenas pelo número 61727-054 no Butner Federal Correctional Complex, um complexo penitenciário federal de média segurança na Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
Madoff trocou uma cobertura de US$ 7 milhões em Manhattan, uma casa de praia em Montauk (Nova York), e casas na Flórida e na França por uma cela de cadeia em 2009. Ele foi considerado culpado por uma megafraude de US$ 65 bilhões que atingiu cerca de 3 milhões de pessoas no mundo.
O ex-presidente da Bolsa de Valores Nasdaq agora trabalha por US$ 40 por mês cuidando da limpeza e funcionamento de computadores e telefones, um trabalho que, segundo ele, não exige nenhuma habilidade.
Por meio de uma ligação a cobrar, ele contou ao site norte-americano CNNMoney que tem tido muito tempo para ponderar sobre seus atos, uma vez que trabalha poucas horas por dia. "Normalmente levanto às 4h30, porque não consigo dormir", disse Madoff.
Na entrevista, o ex-bilionário disse sentir-se atormentado, principalmente, pela culpa decorrente do suicídio de seu filho mais velho, Mark, que se enforcou em 2010, dois anos depois que o escândalo estourou.
"Eu fui responsável pela morte de meu filho Mark, e isso é muito, muito difícil", disse ele. "Tenho de viver com isso. Vivo com o remorso, com a dor que eu causei a todos, com certeza à minha família e às vítimas".
"Minha maior preocupação é estar longe da minha família. Estou casado há 50 anos, minha família era muito próxima", afirmou.
O irmão mais novo de Bernard, Peter, cumpre pena de 10 anos de prisão na Carolina do Sul, após ter se declarado culpado pelo acobertamento das fraudes.
Uma das maiores fraudes financeiras da história
"Bernie", como era conhecido, foi condenado a 150 anos de prisão por ter engendrado uma das maiores fraudes financeiras da história --a Justiça norte-americana agendou sua liberdade para o ano de 2139.
Ele era dono de uma empresa que funcionava como corretora e como operadora de mercado. Foi considerado culpado pela formação de um "esquema de Ponzi", uma forma de pirâmide, no qual pagava juros aos clientes antigos com o dinheiro que era injetado por novos usuários.
Ele atraía clientes novos para seus fundos com a promessa de pagar juros mensais bastante atrativos, superiores aos oferecidos pelo mercado. Com os recursos que eram injetados, ele fazia o repasse aos antigos clientes que queriam realizar o resgate de suas aplicações.
O esquema funcionava porque os rendimentos não eram pagos aos investidores todo mês, apenas acompanhado por eles. Foram vítimas de Madoff os bancos Santander, HSBC, BBVA e BNP Paribas, além de instituições de caridade e celebridades.
O esquema só veio à tona porque, com a crise econômica do final de 2008, muitos investidores buscaram a firma de Madoff para resgatar seus investimentos. Sem novos clientes para bancar os saques, a bolha estourou e a fraude foi descoberta.
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