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Bucha de banho dos tempos da vovó ganha status de produto ecológico

Luciana Costa/Folhapress
Imagem: Luciana Costa/Folhapress

Priscila Tieppo

Do UOL, em São Paulo

22/08/2013 06h00

A bucha vegetal que as vovós já usavam agora tem status de produto ecológico. Tradicional companheira de banho dos brasileiros, a bucha tem conquistado uma nova geração de consumidores, que prefere materiais naturais aos sintéticos.

Essa mudança no mercado tem incentivado o crescimento das plantações em Minas Gerais, Estado que é o maior produtor do fruto que dá origem ao artigo para higiene pessoal.

Na região em torno do município de Bonfim (a 40 km de Belo Horizonte), houve aumento de 20% na área plantada entre 2010 e 2013, segundo estimativa da Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Expansão Rural de Minas Gerais).

Bonfim mantém 200 hectares ocupados pela cultura e recebe o título de Capital Nacional da Bucha. De acordo com a Emater-MG, ela é realmente a cidade brasileira que mais cultiva o fruto, seguida pelas também mineiras Cipotânea e Inconfidentes.

  • Produção de bucha garante sustento a comunidade no Paraná

CeasaMinas vendeu no ano passado 26 toneladas de buchas

No ano passado, foram comercializadas através da CeasaMinas (Centrais de Abastecimento de Minas Gerais) pouco mais de 26 toneladas de buchas. Cerca de 80% do total é proveniente de Bonfim, que tem 22 produtores cadastrados na central.

A maior parte dos frutos colhidos na cidade mineira é transformada em produtos de higiene pessoal, mas eles também são utilizados como matéria-prima para artesanato e isolamento acústico.

O agricultor Lúcio Flávio Neri mantém uma área de produção de buchas em Bonfim há 25 anos.

Apesar de suas plantações de maracujás e mexericas serem mais rentáveis, a bucha garante o sustento na entressafra das frutas.

“É um produto que a gente consegue armazenar, não estraga”, afirma o produtor.

Neri destina 15 dos 60 hectares de sua propriedade às buchas, que são vendidas na própria região, na CeasaMinas e também para o Estado de São Paulo.

De acordo com a Emater-MG, que fornece assistência técnica aos produtores da região, um hectare produz cerca de 1.200 dúzias do produto.

Cada dúzia é vendida a intermediários por entre R$ 35 e R$ 40. O preço para o consumidor varia de R$ 5 a R$ 10 a unidade, conforme o tamanho do produto.

"Por conta da fácil condução da plantação e do bom retorno financeiro, os produtores investem na cultura, que é bastante comum na região", afirma o coordenador técnico da Emater-MG, Georgeton Silveira.

Leva cerca de oito meses até que os frutos estejam no ponto ideal para a colheita. A safra concentra-se entre os meses de  novembro e julho.

O fruto colhido, que se parece com um pepino grande, tem a casca aberta para a retirada manual de seu interior, que é a bucha propriamente dita.

As buchas são então lavadas e colocadas para secar. Depois, podem ser armazenadas por um longo período, já que não se deterioram.

Bucha vegetal deve ser usada com cautela, diz dermatologista

Apesar de ser um produto natural, a bucha vegetal deve ser usada com cautela, assim como qualquer outra bucha, de acordo com a dermatologista Meire Parada, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SP).

“Primeiro, é preciso investigar se há a necessidade de usar buchas. Se você tem a pele bastante ressecada, por exemplo, a bucha pode remover a camada protetora da pele”, afirma a dermatologista.

O ideal é que o produto seja substituído a cada dez dias. Mesmo antes disso, se apresentar pontos pretos, também deve ser descartado. “A bucha pode virar um foco de contaminação por bactérias, que é o que indicam esses pontos pretos”, diz.

Meire Parada recomenda que a bucha seja sempre lavada e colocada para secar após o uso. Ela não deve ser esfregada na pele com força, evitando-se assim esfoliações agressivas. “O uso deve ser delicado e com cautela”, reforça a dermatologista.