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Telexfree contrata advogado do mensalão; ele diz que dono está no ES

Camila Neumam

Do UOL, em São Paulo

20/05/2014 18h00

A Telexfree, empresa suspeita de promover pirâmide financeira, contratou o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, que atuou na defesa do processo do mensalão.

Castro, que é conhecido também como Kakay e tem ainda no currículo a defesa de políticos de Brasília, diz que Carlos Wanzeler, co-fundador da Telexfree, está no Espírito Santo à disposição da Justiça e não deve ser considerado foragido.

Wanzeler é considerado fugitivo pela Justiça norte-americana desde 9 de maio, quando ações de busca e apreensão em Massachusetts, sede da Telexfree nos EUA, terminaram na prisão do norte-americano James Merrill, seu sócio e fundador da empresa.

Dias depois, sua mulher, Kátia Wanzeler, foi presa no Aeroporto JFK, em Nova York, tentando embarcar para o Brasil. Merril continua preso e Kátia está sob custódia da Justiça dos EUA.

Dono está no Espírito Santo há dez dias, diz advogado

Kakay, que defendeu o publicitário Duda Mendonça no processo do mensalão, diz que Wanzeler está no Espírito Santo há pelo menos dez dias e que chegou ao país antes do mandado de prisão da Justiça dos EUA.

“O Carlos Wanzeler está no Brasil. Veio para cá quando não tinha absolutamente nenhuma ordem de prisão contra ele. Então eu acho, sinceramente, que ele cumpriu um direito dele. É um brasileiro nato e é naturalizado americano. Ele veio para cá porque estava acontecendo uma serie de coisas no Brasil e, inclusive, para me conhecer, porque eu estava sendo contratado pela empresa”, diz.

O advogado, no entanto, não informou a data em que Wanzeler chegou ao Brasil.

De acordo com uma investigação do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que acusou formalmente a Telexfree de ser uma pirâmide financeira, Wanzeler teria fugido dos Estados Unidos em abril, por terra, até o Canadá, em companhia da filha. De Toronto,  teria embarcado para São Paulo e entrado no Brasil com seu passaporte brasileiro.

No entanto, na versão de Kakay, Wanzeler veio ao Brasil por um voo de Nova York.

“Não tem absolutamente nada de foragido. Quando ele veio ao Brasil, ele tomou um avião regular em Nova York. Ele está há uns dez dias no Espírito Santo, onde mora”.

Telexfree está proibida de operar no Brasil

A Telexfree também é investigada no Brasil pelos tribunais de Justiça do Espírito Santo e do Acre e está proibida de operar no país desde junho do ano passado por suspeita de pirâmide financeira. O que, na visão do advogado, é uma visão arbitrária da operação daTelexfree.

“Há uma série de arbitrariedades no caso que estão sendo estudadas. No meu ponto de vista a Telexfree não é uma pirâmide financeira. O que levou a todo esse desarranjo foi a paralisação do trabalho deles, que causou uma série de prejuízos”.

A Telexfree vende planos de minutos de telefonia pela internet (VoIP) e é acusada nos EUA de praticar pirâmide financeira.  O esquema teria movimentado US$ 1,1 bilhão no mundo, segundo a acusação. A empresa nega qualquer irregularidade em suas operações.

A empresa entrou com pedido de recuperação judicial (antiga concordata) dois dias antes da acusação de formação de pirâmide. Seus bens foram congelados nos Estados Unidos e a empresa foi impedida de operar.

A formação de pirâmide financeira é uma modalidade considerada ilegal porque só é vantajosa enquanto atrai novos investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o esquema não tem como cobrir os retornos prometidos e entra em colapso. Nesse tipo de golpe, são comuns as promessas de retorno expressivo em pouco tempo.

Telexfree diz que trabalha em mutirão para pagar participantes

Em um vídeo divulgado pela Telexfree nesta segunda-feira (19), Carlos Costa, um dos sócios da Telexfree (Ympactus Comercial Ltda.), disse que a empresa está trabalhando para devolver o dinheiro dos participantes de sua rede em um "mutirão de devolução", mas negou que a companhia esteja operando no Brasil mesmo proibida pela Justiça.