Em vídeo, diretor diz que Telexfree faz mutirão para pagar participantes
Carlos Costa, um dos sócios da Telexfree (Ympactus Comercial Ltda.), disse em vídeo que a empresa está trabalhando para devolver o dinheiro de participantes de sua rede em um “mutirão de devolução”, mas negou que a companhia esteja operando no Brasil mesmo proibida pela Justiça.
O vídeo foi divulgado na noite desta segunda-feira (19) no Youtube e na página da empresa no Facebook.
No vídeo intitulado “Plantão Ympactus (nº37)”, Costa rebate a reportagem do programa Fantástico (TV Globo), veiculada no domingo (18), que mostrou funcionários trabalhando em uma sede da empresa no Brasil.
“De forma alguma a empresa poderia estar funcionando seu marketing. Até porque nós, hoje, de acordo com o bloqueio [judicial], não temos nem site para estarmos trabalhando. Então não teria como estar fazendo as vendas dos pacotes VoIP”, diz no vídeo.
A formação de pirâmide financeira é uma modalidade considerada ilegal porque só é vantajosa enquanto atrai novos investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o esquema não tem como cobrir os retornos prometidos e entra em colapso. Nesse tipo de golpe, são comuns as promessas de retorno expressivo em pouco tempo.
Mutirão é para 'quem ainda não recuperou o dinheiro'
“O que o Fantástico viu ao entrar na empresa foi simplesmente os funcionários trabalhando no quê? No mutirão da devolução. Algo que eu prometi a vocês no passado e que estamos cumprindo à risca, fazendo todo esse levantamento”, completa.
Segundo Costa, o suposto mutirão está sendo feito pela empresa no Brasil desde dezembro de 2013, com o intuito de “devolver o dinheiro às pessoas que compraram os pacotes e ainda não recuperaram o dinheiro”. Mas ele não dá detalhes da operação e nem de qual valor deverá ser devolvido.
Na última sexta-feira (16), a Telexfree comunicou a suspensão de suas atividades por meio de uma mensagem em inglês no site. Nas últimas semanas, uma mensagem dizia que o site estava fora do ar "para manutenção".
Brasileiro está foragido e sua mulher foi presa como testemunha
Em 9 de maio, um de seus fundadores, o norte-americano James Merril, foi preso nos Estados Unidos depois de a Justiça do país formalizar denúncia de pirâmide financeira contra a Telexfree. Em 14 de maio, Katia Wanzeler, mulher do co-fundador Carlos Wanzeler, foi presa no aeroporto JFK, em Nova York, tentando pegar um voo para o Brasil.
Segundo denúncia da Justiça norte-americana, Katia tentava fugir dos EUA apenas uma passagem de ida ao Brasil.
Pelo vídeo, Carlos nega qualquer relação de Katia com a empresa e disse que a brasileira não estava fugindo, mas que retornaria aos Estados Unidos.
“O advogado já comprovou que ela [Katia] estava com passagem de ida e volta para os Estados Unidos, onde seu filho está estudando. Ela não ia fugir. Que fique claro que a Kátia não estava fazendo nada errado. Até porque ela não tem nada a ver com nada, não tem nenhum tipo de crime contra a pessoa dela”.
Carlos Wanzeler é considerado foragido e, segundo investigação da Justiça dos EUA, ele teria fugido para o Brasil com a filha ainda em abril, dias depois do pedido de concordata da empresa.
Pedido de 'concordata' dois dias antes de acusação de pirâmide
No dia 13 de abril, a sede da empresa Telexfree nos Estados Unidos e algumas de suas subsidiárias e afiliadas (TelexFree LLC, TelexFree Inc. e TelexFree Financial Inc.) anunciaram que entraram com pedidos de 'concordata' ou proteção contra a falência no Tribunal de Falências do Distrito de Nevada, nos Estados Unidos.
Dois dias depois, o órgão regulador de mercado dos Estados Unidos --a Securities and Exchange Commission (SEC), semelhante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil-- acusou a empresa de atuar sob um esquema de pirâmide financeira, com foco em imigrantes brasileiros e dominicanos nos EUA.
A Justiça de Boston ordenou o congelamento dos bens da empresa.
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