Justiça dos EUA diz que fundador da Telexfree fugiu para o Brasil com filha
O brasileiro Carlos Wanzeler, co-fundador da Telexfree, fugiu dos Estados Unidos para o Brasil com a filha. Ele é acusado de participar de um esquema de pirâmide financeira e considerado foragido da Justiça dos EUA desde 9 de maio.
A informação está detalhada em um documento do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, ao qual o UOL teve acesso. O UOL entrou em contato com o advogado de Wanzeler nos EUA, mas não obteve resposta.
Segundo a investigação, a fuga de Wanzeler começou em 15 de abril, quando ele e a filha, Lyvia Wanzeler, cruzaram a fronteira dos EUA com o Canadá de carro, por volta das 23h no horário local. Neste dia, a Telexfree tinha sido formalmente acusada de praticar pirâmide financeira.
Horas antes, ainda no dia 15 de abril, agentes federais fizeram uma busca na sede da Telexfree em Marlbourough, em Massachusetts, onde encontraram uma mochila com dez cheques do banco Wells Fargo totalizando quase US$ 37,9 milhões. Alguns em nome de Kátia e Carlos.
Em 17 de abril, pai e filha embarcaram no voo 90 da Air Canada, de Toronto para São Paulo. Segundo a investigação, Wanzeler entrou no país com seu passaporte brasileiro (ele também tem cidadania norte-americana).
Lyvia teria voltado aos EUA em 26 de abril, com passagem comprada para retornar ao Brasil em 4 de junho. De acordo com a investigação, a passagem foi comprada com milhas aéreas de Wanzeler. Em 1º de maio, Lyvia teria voado de Boston para a Itália.
A Telexfree vende planos de minutos de telefonia pela internet (VoIP) e também é investigada no Brasil por suspeita de pirâmide financeira. A empresa está proibida de operar no país desde junho.
A formação de pirâmide financeira é uma modalidade considerada ilegal porque só é vantajosa enquanto atrai novos investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o esquema não tem como cobrir os retornos prometidos e entra em colapso. Nesse tipo de golpe, são comuns as promessas de retorno expressivo em pouco tempo.
Mulher e sócio de Wanzeler estão presos nos EUA
O sócio de Wanzeler na Telexfree, o norte-americano James Merrill, fundador da empresa, foi preso em 9 de maio em Massachusetts, onde fica a sede da empresa nos EUA.
Desde esse dia, Wanzeler é considerado foragido pela Justiça norte-americana.
Nesta quarta-feira (14), a mulher de Wanzeler, a brasileira Katia Wanzeler, foi presa no aeroporto JFK, em Nova York, enquanto tentava sair do país. Ela é considerada uma testemunha-chave no caso, e a investigação aponta que contas bancárias em seu nome foram usadas para transferência de dinheiro da Telexfree.
Passagem aérea comprada no Brasil, em dinheiro vivo
De acordo com o investigador Paul Melican, do Departamento de Segurança Nacional dos EUA, Katia Wanzeler teria viajado em 11 de abril para Connecticut junto com o sócio do marido, James Merril. O objetivo deles era retirar mais de US$ 27 milhões do banco Wells Fargo, maior parte desse dinheiro em cheques da Telexfree, aponta a investigação.
Segundo a investigação, um dia antes de sua prisão, alguém no Brasil comprou uma passagem para Katia, somente de ida, paga com dinheiro vivo.
Justiça prevê que brasileiro não seja extraditado
Estando no Brasil, Wanzeler pode se beneficiar pela Constituição do país, que prevê o impedimento da extradição de brasileiros para o exterior.
A Constituição brasileira, em seu artigo 5º, prevê que nenhum brasileiro seja extraditado, mesmo os naturalizados, em casos de crime comum e de tráfico de entorpecentes.
O Código Penal brasileiro, em seu artigo 9º, não prevê a homologação de sentenças penais estrangeiras, o que inviabilizaria o cumprimento, no Brasil, do mandado de prisão expedido no exterior.
A única possibilidade em vista seria a Justiça brasileira julgá-lo pelo crime cometido no exterior, o que está previsto no artigo 7º do Código Penal. A denúncia, neste caso, teria de ser feita pelo Ministério Público, a partir de um pedido de cooperação judicial feito pelas autoridades estrangeiras, informa o Itamaraty.
Pessoas que se consideram vítimas podem entrar em contato
O Departamento de Justiça do Estado de Massachusetts pede que pessoas que se considerem vítimas do esquema entrem em contato pelo e-mail: USAMA.VictimAssistance@usdoj.gov.
A Secretaria do Estado de Massachusets já tinha disponibilizado em seu site um formulário de reclamação para pessoas que se sentiram lesadas pelas atividades da Telexfree.
Empresa atua no Brasil desde 2012 e nega acusações
A Telexfree (Ympactus Comercial Ltda) atua no Brasil desde março de 2012, e começou a ser investigada no ano passado. Segundo a Justiça brasileira, a venda de planos de telefonia seria apenas uma fachada.
Em notas anteriores, a empresa disse que está se defendendo de forma vigorosa das acusações e que tem apresentado sua defesa juntando aos processos todos os documentos necessários, de modo que comprove a regularidade e a viabilidade econômica de suas atividades.
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