Juros sobem pela 4ª vez, vão a 12,75% e são os maiores em seis anos
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 12,25% para 12,75% ao ano. Os juros são os maiores em seis anos, desde janeiro de 2009 (quando estavam também em 12,75%). A decisão do Copom foi unânime entre seus integrantes.
Com juros altos, a poupança perde atratividade, e os fundos se destacam. É o quarto aumento seguido da Selic: houve altas também nas três reuniões anteriores do BC, em outubro (foi para 11,25%), dezembro (11,75%) e janeiro (12,25%).
O comitê divulgou nota, mostrando que a decisão teve relação com a inflação alta. "Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p. [ponto percentual], para 12,75 por cento a.a., sem viés [sem apontar direção de alta ou baixa para a próxima reunião]", diz a nota.
O novo governo de Dilma Rousseff (PT) vem adotando medidas impopulares, como aumento de impostos e juro e cortes de despesas, com o objetivo de acertar as contas federais. Em janeiro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou quatro medidas aumentando tributos em combustíveis, operações de crédito, cosméticos e importação.
Nos últimos dias, foram feitos novos cortes em incentivos, para o governo gastar menos e arrecadar mais. Caiu o desconto para empresas contratarem com carteira assinada, e a Caixa suspendeu financiamento especial do Programa Minha Casa Melhor, por exemplo. Além disso, a conta de luz subiu em média 23,4% no país. O ministro Levy disse que os descontos foram uma "brincadeira cara".
Taxa de juros é ferramenta para tentar combater inflação
Uma das maiores críticas a Dilma tem sido a economia, incluindo a inflação em alta. Os juros são usados, entre outras coisas, para tentar controlar a inflação. O governo tenta recuperar confiança do mercado.
A Selic é uma taxa de referência para o mercado e remunera investimentos com títulos públicos, por exemplo. Não representa os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Em janeiro, a taxa média de juros no cheque especial foi de 208,7%, a maior desde 1996, segundo o Banco Central.
A inflação oficial em janeiro foi de 1,24%, recorde em 12 anos, A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia.
Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.
Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.
Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.
Além de inflação, o país tem um crescimento muito pequeno. Segundo o IBGE, a economia brasileira, medida pelo PIB (Produto Interno Bruto), cresceu 0,1% no terceiro trimestre. Esse leve crescimento tirou o país da recessão técnica, que ocorre quando o PIB (Produto Interno Bruto) tem resultados negativos em dois trimestres seguidos.
A economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre e 0,2% no primeiro trimestre. Recessão significa redução de consumo, menos produção e risco de desemprego.
Poupança continua rendendo igual
A poupança continua rendendo com seu potencial máximo. Mesmo assim, não é tão vantajosa quanto fundos, dizem analistas.
Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a poupança daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.
Entenda o Copom
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.
As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.
O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.
(Com Reuters)
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