Inflação desacelera para 0,9% em fevereiro; em 12 meses, fica em 10,36%
A inflação oficial no Brasil perdeu força e fechou fevereiro em 0,9%, uma desaceleração em relação a janeiro, quando havia ficado em 1,27%, e também na comparação com fevereiro do ano passado (1,22%).
É o menor resultado para a inflação mensal desde outubro do ano passado. Os gastos com educação e alimentos puxaram a alta de preços (leia mais abaixo).
No acumulado de 12 meses, a alta dos preços atingiu 10,36%. Apesar de ainda estar elevado, o valor mostra uma desaceleração pela primeira vez desde setembro.
A inflação fechou 2015 em 10,67%, muito acima do limite máximo da meta do governo. O objetivo é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, podendo oscilar de 2,5% a 6,5%.
Os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de fevereiro foram divulgados nesta quarta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Preços começaram a cair?
A desaceleração da inflação em fevereiro alimenta expectativas de que os preços estejam começando a cair.
"A queda da atividade econômica, com o aumento da taxa de desemprego, tem esse efeito sobre a inflação, e já observamos essa dinâmica", disse à agência de notícias Reuters o economista da Austin Rating Wellington Ramos.
Os resultados da inflação ficaram abaixo do previsto por analistas consultados pela Reuters, de 1% no mês e 10,47% em 12 meses.
Economistas ouvidos em pesquisa do Banco Central esperam que a alta dos preços feche 2016 em 7,59%.
Aumento da mensalidade escolar
Os gastos com educação foram os que mais puxaram a inflação de fevereiro para cima, principalmente devido aos aumentos nos preços das mensalidades escolares, no início do ano letivo.
Os custos com cursos regulares (mensalidade escolar) subiram 7,43% no mês, e os de outros cursos (inglês, informática etc.) avançaram 5,53%. A alta do setor de educação, como um todo, foi de 5,9%.
Cenoura salta 23,8%; tomate cai 12,6%
Os preços dos alimentos subiram menos em fevereiro (1,06%), comparando com o mês anterior (2,28%), o que contribuiu para a desaceleração da inflação.
"Itens importantes, como refeição fora de casa, carne e café moído, estão apresentando decréscimo. O que vemos é uma limitação do consumo por conta da conjuntura econômica", disse a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.
A cenoura foi o produto que mais encareceu (+23,79%). Os preços do feijão-mulatinho (9,76%) e do açúcar (+4,42%) também subiram.
Por outro lado, o tomate ficou 12,63% mais barato, e a batata-inglesa, 5,7%.
Inflação e juros
A inflação alta tem sido uma das principais dores de cabeça para o Banco Central nos últimos anos. A taxa de juros é um dos instrumentos mais básicos para controle da alta de preços.
Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair (obedecendo à lei da oferta e procura), o que, em tese, controlaria a inflação.
Porém, a taxa de juros já está alta e aumentá-la ainda mais poderia comprometer a retomada do crescimento da economia.
Na última reunião, o BC manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25%. Essa taxa de juros é a mais alta desde agosto de 2006, quando ela também estava em 14,25%.
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