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Egito e Arábia Saudita anunciam restrições à carne do Brasil; veja outros

Do UOL, em São Paulo

23/03/2017 08h00

Mais dois países anunciaram restrições às importações de carne brasileira após o escândalo da Carne Fraca. Nesta quinta-feira (23), o Egito informou que não vai mais importar carne brasileira, e a Arábia Saudita suspendeu a importação de produtos de quatro frigoríficos.

Vários países já decidiram suspender ou adotar restrições à importação da carne brasileira. Veja as medidas tomadas por cada um até agora:

  • África do Sul: Suspendeu importações de carnes de estabelecimentos com suspeitas de envolvimento em fraudes no Brasil
  • Arábia Saudita: Suspendeu a importação de carne de quatro frigoríficos brasileiros.
  • Argentina: Anunciou que vai aumentar o controle sobre importações da carne brasileira.
  • Bahamas: Proibiu a importação de carnes processadas do Brasil, como "precaução", e informou que está em alerta para proteger a população do país.
  • Barbados: Proibiu temporariamente a importação de carne do Brasil e aconselhou mercados a retirarem carnes brasileiras das prateleiras.
  • China: O Ministério da Agricultura confirmou que está suspensa a entrada de carne brasileira no país. A China pediu medidas de segurança mais severas no embarque de alimentos.
  • Chile: Barrou a entrada de toda carne do Brasil. O governo brasileiro ainda não foi comunicado oficialmente.
  • Coreia do Sul: Voltou atrás depois de proibir a venda de produtos de frango da BRF, das marcas Sadia e Perdigão. Agora, a venda está liberada e o país asiático vai apenas reforçar a fiscalização. 
  • Egito: Suspendeu a importação de carne até que seja confirmada a sua segurança para consumo humano.
  • Estados Unidos: Aumentou a fiscalização da carne brasileira que chega ao país. Além do procedimento padrão, todas as peças serão analisadas para verificar a possível presença de agentes patogênicos, como a salmonela. Essa verificação não costuma ser aplicada a toda a carga.
  • Hong KongSuspendeu temporariamente a importação de carne bovina congelada e resfriada e de carne de aves.
  • Jamaica: Suspendeu a importação de toda a carne brasileira, orientou a população a não consumir o produto e ordenou que supermercados o retirem das prateleiras.
  • Japão: Suspendeu importações de frango e outros produtos das 21 empresas citadas na Operação.
  • México: suspendeu importações de produtos pecuários brasileiros. O México não importa carne bovina ou de porco do Brasil, mas compra produtos avícolas como carne refrigerada, congelada e desidratada de frango e de peru, ovo fértil e aves domésticas.
  • Suíça: Suspendeu a importação de carne brasileira proveniente de quatro frigoríficos. 
  • União Europeia: Está monitorando as importações e vai impedir a entrada de produtos de empresas investigadas. Segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o bloco já vetou a importação de uma unidade da BRF e outra da Peccin. O ministério da Agricultura ainda não foi comunicado oficialmente.

Carne estragada

A operação da Polícia Federal revelou um esquema de pagamento de propina a fiscais agropecuários para liberar carnes adulteradas sem fiscalização.

Segundo a PF, as empresas teriam usado substâncias para 'mascarar' a aparência de carnes podres, utilizado carne estragada e papelão na composição de salsichas e linguiças, cometido irregularidades na rotulagem e na refrigeração das peças e usado em frangos mais água que o permitido em frangos. 

Lista de frigoríficos

O Ministério da Agricultura divulgou a lista de países que importaram produtos dos estabelecimentos investigados pela PF nos últimos 60 dias. O levantamento mostra que são 33 os países ou blocos que receberam carnes, miúdos e até mel e própolis produzidos pelas empresas acusadas de envolvimento no esquema.

Entre os destinatários dos produtos suspeitos estão os principais mercados brasileiros: China, União Europeia, Japão e países do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Kuwait. A relação mostra os frigoríficos, os produtos exportados e os países de destino.

O setor é um dos principais da economia brasileira, sendo responsável por US$ 12 bilhões em exportações por ano.

Temer reuniu embaixadores

As restrições foram anunciadas pelos países após uma reunião do presidente Michel Temer, no domingo, com embaixadores de 33 países

Temer apresentou números para mostrar que os casos investigados pela PF são pontuais e não comprometem o sistema brasileiro de fiscalização. Ele também anunciou a criação de uma força-tarefa do Ministério da Agricultura, que já colocou os 21 frigoríficos envolvidos na operação da PF sob "regime especial de fiscalização".

Após o encontro, o presidente convidou os embaixadores para participar de um churrasco em uma das mais procuradas casas de Brasília (DF), o Steak Bull. A churrascaria tem entre seus fornecedores uma das empresas investigadas, a JBS

Ministro diz que PF cometeu "erros técnicos"

O ministro Blairo Maggi criticou a PF pelo que ele chamou de "erros técnicos" cometidos na operação. Segundo ele, a polícia considerou que alguns frigoríficos adotaram práticas proibidas e, na verdade, elas são permitidas pela regulamentação do setor. 

Três pontos foram contestados: o uso de ácido considerado cancerígeno na mistura de alimentos, a utilização de papelão em lotes de frango e de carne de cabeça de porco –algo que a PF disse ser "sabidamente proibida".

"A narrativa nos leva até a criar fantasias. Não estou dizendo que não tenha sentido a investigação. Quando estamos falando "fiquem tranquilos", é porque a gente conhece a maior parte do nosso sistema, 99% dos produtores de alimentos fazem as coisas certas", disse o ministro.

Ele também chamou as conclusões da PF de "idiotices".

Setor diz que houve exagero

Francisco Sérgio Turra, ex-ministro da Agricultura e presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que representa produtores e exportadores de carne suína e de frango, também criticou a operação da PF. Para ele, a repercussão foi "exagerada" e deu a impressão de que a carne brasileira é toda fraudada.

"Foi muito forte esse discurso irresponsável, fruto de um levantamento ainda incompleto da própria operação [da Polícia Federal]", afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.

Segundo ele, os produtores brasileiros mantêm padrões de qualidade elevados e as falhas identificadas pelas autoridades não pegam 0,5% do setor. 

(Com agências de notícias)

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