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Energia de vento e sol é instável, mas há soluções, dizem especialistas

Turbinas de energia eólica (força dos ventos) - PR
Turbinas de energia eólica (força dos ventos) Imagem: PR

Claudia Andrade

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/03/2018 04h00

A presença de energias renováveis como eólica [do vento] e solar é cada vez maior no Brasil, mas essas fontes não têm condições hoje de atender sozinhas à demanda de fornecimento, por seu caráter intermitente. Por isso, exigem a combinação com outras fontes energéticas despacháveis, ou seja, aquelas em que é possível controlar o quanto e quando se produz.

“A energia eólica e solar apresentam uma variabilidade de escala quase de minuto a minuto. Nesse sentido, não são confiáveis se considerarmos um parque isolado. No caso de um conjunto de parques, com um mais no interior e outro no litoral, por exemplo, um consegue compensar o outro e ter uma estabilidade maior. Mas, mesmo assim, não é perfeito, precisa de outras fontes para garantir”, afirma André Sampaio, pesquisador da FGV Energia.

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Para o professor Ildo Sauer, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, não se pode dizer que as fontes de energias renováveis não sejam boas por serem instáveis. “Não é bem assim”, diz.

Ele afirma que a intermitência na produção de energia pode ser suprida por outras fontes, especialmente pelas turbinas hidráulicas, ou pelo uso de baterias. “Essas preocupações já estão sendo resolvidas no Brasil e no mundo”, defende.

“Hoje, o potencial maior é o eólico, porque a qualidade dos nossos ventos é muito boa, o que permite uma média de uso anual superior a 50% no Nordeste”, afirma Sauer. “A energia eólica deverá assumir um papel equivalente à hidráulica, se o Brasil seguir um caminho de menor custo e impacto ambiental.”

Gás natural é fonte "relativamente confiável"

André Sampaio afirma que o gás natural é uma fonte “relativamente confiável” que pode ser usada como complemento. Nas usinas termelétricas, poderia ser usado para acionamento rápido, funcionando poucas horas em períodos de pico no consumo.

O professor Guilherme Dantas, do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro confirma que a energia eólica e solar são fontes que tornam obrigatória a complementação por fontes flexíveis.

Gás natural não é o único caminho

Para ele, o gás natural pode ser um caminho, mas não é o único. Ele cita outras soluções como a energia térmica proveniente da biomassa, o gerenciamento da demanda de energia elétrica ou sistemas de armazenamento.

No caso deste último, aponta como exemplo a implantação de sistemas fotovoltaicos combinados com bateria. “Pensando futuramente, a pessoa pode ter um sistema fotovoltaico mais bateria. Com isso, o uso da energia da rede diminuiria bastante. Mas isso é extremamente caro: ter um painel fotovoltaico com o mesmo nível de confiança teria um custo 10 vezes maior do que o adquirido na rede”, afirma Dantas.

A fonte eólica já atende a mais da metade da demanda do Nordeste do Brasil. Recentemente, o país ultrapassou a marca de 1 gigawatt de capacidade instalada em usinas de energia solar em operação.

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