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Vai viajar no feriado? Greve atrapalha plano de turistas e de hotéis

Em Campos do Jordão (SP) metade dessas reservas foi cancelada após o início da greve - Getty Images/iStockphoto
Em Campos do Jordão (SP) metade dessas reservas foi cancelada após o início da greve Imagem: Getty Images/iStockphoto

Rafael Pezzo

Colaboração para o UOL

29/05/2018 19h55

Com a escassez de combustíveis para carros e aviões devido à greve dos caminhoneiros, as viagens durante o feriado de Corpus Christi, a partir de quinta-feira (31), podem ficar comprometidas. A incerteza sobre a possibilidade de deslocamento tem causado queda na procura em agências de turismo e cancelamentos de reservas em hotéis e pousadas em todo o país, principalmente nas cidades que mais costumam atrair turistas em épocas de baixas temperaturas.

Um dos principais destinos turísticos desta época no estado de São Paulo, Campos do Jordão é um exemplo desse cenário. Ao UOL, Luiz Pedro Nathan, presidente da Associação de Hotelaria e Gastronomia (ASSTUR), declarou que antes da greve cerca de 75% dos 13 mil hotéis e pousadas disponíveis na cidade estavam reservados para o feriado prolongado. No entanto, desde o início da paralisação, metade dessas reservas foi cancelada.

Segundo Nathan, esse é o feriado mais importante da cidade para a economia da cidade. "Estamos negociando com os clientes para que, ao invés de cancelarem as reservas, eles recebam um voucher para virem em outra data", afirma o presidente da ASSTUR.

Com o reabastecimento de três postos da cidade nesta terça-feira (29), a associação e a prefeitura prometem fazer campanhas e divulgar informativos de que é possível chegar e se manter na cidade, de acordo com Nathan.

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Para não perder clientes e evitar cancelamentos, uma hospedaria em Campos do Jordão reagendou aproximadamente 45% das reservas sem cobrar taxa do cliente. "Em 20 anos no setor, nunca vi algo parecido. Historicamente, esse é o melhor feriado da cidade, mas ainda não sabemos como vai ser”, afirma Rosélia Fernandes, proprietária do estabelecimento que possui 18 quartos. "Temos que ter calma para atender todo mundo bem", completou.

Na Serra Gaúcha, outro destino bastante procurado na época de frio, a preocupação com os turistas se divide com o problema de abastecimento de produtos básicos, como combustíveis, gás e lenha. Segundo o Sindicato Patronal de Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da região (SindTur), o número de cancelamentos de reservas em hotéis aumentou na última semana, "mas não é considerável a ponto de prejudicar a região".

Para tentar contornar a situação de crise no abastecimento e no turismo das cidades de Gramado, Canela, nova Petrópolis e São Francisco de Paula foi montado um comitê de gestão de crise pela prefeitura, Polícia Civil, Brigada Militar, Câmara Municipal, Ministério Público e SindTur. Segundo o presidente do sindicato, o intuito é que a região consiga os insumos em escassez junto ao governo do Rio Grande do Sul.

Em João Pessoa, na Paraíba, destino para quem quer fugir do frio, hotéis também viram as reservas evaporarem em virtude da falta de combustível aéreo, segundo Graco Parente, presidente do Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação de João Pessoa (SEHA-JP). No entanto, Parente afirma que ainda não foram consolidados os números exatos do prejuízo causado pela paralisação ao turismo da região e que o levantamento deverá ser concluído na próxima semana.

De acordo com o presidente do sindicato, "o maior problema é a alimentação, que tem afetado tanto restaurantes quanto hotéis". Ele diz que o gás, entregue por caminhões vindos de Pernambuco, não chegou, o que levou estabelecimentos a não funcionarem ou racionarem o uso em dias de maior movimentação.

Prejuízo de R$ 50 milhões

Em nota ao UOL, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), composta pela Avianca, Azul, Gol e Latam, informou que desde o início do protesto dos caminhoneiros, mais de 270 voos foram cancelados ou remarcados no país. A estimativa é de que as companhias tenham registrado prejuízo diário de R$ 50 milhões, ou seja, cerca de R$ 450 milhões ao todo.

Já a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) e a Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) afirmaram que as agências associadas já estão sentindo o impacto da greve. Quanto ao feriado de Corpus Christi, as entidades ainda estão monitorando cancelamentos em voos, reservas de hotéis e carros alugados. No entanto, a procura por pacotes para a temporada de julho, que estava em crescimento, ficou estagnada durante a greve.

Em contato com a reportagem, o Ministério do Turismo também afirmou que ainda não há como mensurar o impacto da greve especificamente para o feriado de Corpus Christi.

A Abear e as companhias aéreas reforçam que, antes da data de embarque, os passageiros devem confirmar os voos com as próprias empresas e também o funcionamento dos aeroportos.