Banco aceita seu investimento para garantir empréstimo a juro menor; vale?
Faz sentido pegar dinheiro emprestado mesmo tendo investimentos guardados? Na visão dos bancos, sim. Tanto que as principais instituições criaram linhas de crédito específicas para clientes que, devido a alguma emergência, precisam levantar recursos, mas não querem ou não podem resgatar suas aplicações.
Já os especialistas em finanças pessoais alertam que, na grande maioria dos casos, é melhor resgatar o investimento do que pegar o empréstimo. Entenda como funciona a linha de crédito com garantia de investimentos e veja quais situações são ou não interessantes para contratá-la.
Segundo os bancos, uma das vantagens desse tipo de empréstimo é a taxa de juros, que é mais baixa do que as linhas de crédito comuns. Enquanto a taxa média do crédito pessoal está em 6,3% ao mês e a do cheque especial alcança 12,5% ao mês, segundo o Banco Central, os juros do empréstimo com garantia de investimentos variam entre 1,12% (no Itaú) e 1,99% (no Sofisa) ao mês. As taxas podem ser maiores, dependendo do relacionamento do cliente com o banco.
Outra vantagem é a rapidez de contratação. Alguns bancos permitem que o cliente solicite o empréstimo pela internet e a liberação ocorre normalmente em um dia. "Se você comparar com outros tipos de empréstimo com garantias, como o de automóvel ou de imóvel, a liberação é mais simples e as taxas de juros são parecidas, abaixo de outros tipos de crédito", disse Flavio Iglesias, diretor do Itaú Unibanco.
Nos empréstimos com garantia de imóvel ou veículo, o banco só libera o dinheiro depois que é feito o registro da operação de crédito na documentação do bem, o que pode levar algumas semanas. Na linha com garantia de investimento, o bloqueio dos recursos acontece logo após a contratação.
Os investimentos continuam rendendo normalmente durante o período do empréstimo. O desbloqueio dos recursos investidos ocorre aos poucos, conforme o cliente quita as parcelas do financiamento.
"Para o banco esse tipo de empréstimo é um tremendo negócio. Ele tem toda a garantia depositada, o que significa um baixíssimo risco. Por isso, a taxa de juros tem que ser mais baixa", afirmou o professor William Eid, coordenador do FGVCEF (Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo).
Juro de empréstimo não pode superar ganho do investimento
Embora os juros do crédito com garantia de investimento sejam menores do que as taxas cobradas na maioria das linhas oferecidas pelos bancos, o especialista afirma que é melhor resgatar os recursos investidos do que contratar o empréstimo.
"Só faz sentido pegar o empréstimo, se a taxa de juros cobrada for mais baixa do que o rendimento gerado pelos investimentos", declarou Eid.
"No entanto, hoje, praticamente não existe nenhuma aplicação que renda mais de 1% ao mês", disse Eid. Ele lembrou que investimentos atrelados ao CDI estão pagando, em média, 0,54% ao mês e a poupança está rendendo 0,37% ao mês.
Empréstimo é opção se investimento tiver carência
Uma das poucas situações em que o empréstimo pode ser interessante é quando o investimento apresenta carência, ou seja, só pode ser resgatado no vencimento ou após um determinado período. Dependendo do produto, o resgate antecipado pode gerar descontos sobre o rendimento.
"Se o cliente tiver que pagar um pedágio para sair do investimento, ou se a alíquota de imposto for muito alta, daí pode ser que o empréstimo valha a pena. É preciso comparar os custos", afirmou Eid.
Antes de contratar o crédito, o especialista também recomenda que o cliente avalie se realmente há necessidade de tomar o empréstimo. "É uma emergência mesmo? Será que não dá para esperar o dinheiro do investimento ser liberado?"
Investimentos devem estar no próprio banco
Os cinco maiores bancos do país - Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander - oferecem a linha de crédito com garantia de investimento. Também é possível encontrar esse tipo de empréstimo em instituições menores, como o Banco Sofisa. As condições de contratação variam um pouco entre as instituições.
De forma geral, são aceitos como garantia para o empréstimo os recursos investidos na poupança, em CDBs ou em fundos do próprio banco. Não é possível usar como garantia os investimentos feitos no Tesouro Direto, em ações na Bolsa nem em fundos ou CDBs de outros bancos ou corretoras.
O montante a ser liberado também depende do risco de crédito do cliente e do tipo de investimento dado como garantia. Se o dinheiro estiver aplicado em um produto com grande volatilidade (cujo rendimento varia muito), como um fundo de ações, o percentual liberado será menor. Já recursos da poupança e de CDBs costumam garantir um empréstimo próximo de 100% do valor investido.
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