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BC vende US$ 200 mi em dinheiro pela 1ª vez em 10 anos

Do UOL, em São Paulo

21/08/2019 11h59

O Banco Central vendeu hoje 200 milhões de dólares em dinheiro, pela primeira vez desde fevereiro de 2009, quando o mundo atravessava a crise financeira global (iniciada em meados de 2008).

A atuação do banco ocorre em um cenário de incertezas no exterior, devido à guerra comercial entre Estados Unidos e China e à expectativa de que a economia mundial entre em recessão. Junto com eventuais instabilidades políticas no Brasil, esse cenário tende a colaborar para a alta do dólar, não só frente ao real, mas em relação às moedas de outros países também.

Na operação de venda de dólares à vista, há uma efetiva movimentação física de dinheiro. Isso significa que o BC atuou de forma mais direta no mercado de câmbio, oferecendo dólares em espécie (dinheiro vivo) no chamado mercado à vista.

Para isso, utilizou os dólares guardados nas reservas internacionais, uma espécie de poupança externa, que funciona como uma reserva de emergência do país. O BC tirou os dólares das reservas e entregou ao comprador. A ferramenta dá liquidez ao mercado, ou seja, aumenta a oferta de dólares em circulação.

Além da venda em dinheiro, o BC também negociou nesta quarta-feira 4.000 contratos de swap cambial reverso. A oferta total era de até 11 mil papéis.

O BC já não vendia dólar em dinheiro antes?

A última vez que o Banco Central havia vendido dólares à vista foi em fevereiro de 2009, na época da crise financeira global (iniciada em meados de 2008). O Banco Central atua com frequência no mercado de câmbio, mas utilizando outros instrumentos: o "swap" cambial (contrato financeiro que não altera o volume de dólares em circulação) e o leilão de linha (os dólares são colocados temporariamente no mercado e retirados no curto prazo). Essa mudança de postura acabou chamando a atenção do mercado financeiro.

Essa atuação do Banco Central faz o dólar baixar?

A rigor, não. O efeito é considerado neutro porque ele está apenas trocando o instrumento de atuação no câmbio. O Banco Central ofereceu menos "swaps" cambiais (contratos financeiros que não alteram o volume de dólares em circulação) e colocou dólares à vista para circular no mercado.

O que é "swap" cambial?

O "swap" cambial é um instrumento utilizado com frequência pelo BC para atuar no mercado de câmbio. É um contrato financeiro que não altera o volume de dólares em circulação.

Ele é um derivativo, ou seja, um contrato financeiro. Embora seja baseado no dólar, o comprador não vê a cor do dinheiro, nem o Banco Central precisa sacar os dólares das suas reservas. Ou seja, nada muda na liquidez do mercado. O objetivo do "swap" é apenas oferecer ao comprador desse contrato uma proteção ("hedge") contra a variação cambial.

Além dele, o BC usa com frequência o leilão de linha, que também é uma venda física de dólares. Porém, ela é acompanhada de um compromisso de recompra desse dinheiro após um determinado período. O dinheiro sai das reservas internacionais, mas o comprador tem que devolver os dólares depois de um tempo e ainda pagar uma taxa de juros pelo "uso" desse dinheiro "emprestado". A liquidez de dólares no mercado aumenta apenas temporariamente e as reservas não sofrem alteração na prática.

Eu posso participar dos leilões e comprar dólares direto do governo?

Não, apenas os chamados "dealers" podem participar dos leilões de câmbio realizados pelo Banco Central. Os "dealers" são grandes bancos e corretoras, responsáveis por atender à demanda por moeda estrangeira de outros bancos, grandes empresas, corretoras e casas de câmbio. Essas instituições, por sua vez, abastecem o restante do mercado (pequenas empresas, pessoas físicas) com dólares e outras moedas.

Vou viajar para o exterior no fim do ano. Devo comprar dólar agora ou esperar?

A recomendação é nunca comprar em momentos de estresse do mercado. Aguarde uns dois dias até a "poeira baixar" e então compre um pouco de moeda. Não adianta esperar muitos dias, achando que a moeda vai cair porque o mercado de câmbio oscila muito. No mês que vem, compre mais um pouco e repita essa estratégia até a véspera da viagem. Assim você faz um preço médio e dilui um pouco o risco do mercado de câmbio.

Não se esqueça que a cotação válida para quem vai viajar para o exterior é a de venda do dólar turismo. Ele é mais caro do que o dólar comercial, aquela cotação que você normalmente vê na mídia, devido aos custos operacionais das casas de câmbio para armazenar o dinheiro e vender em pequenas quantias para o público em geral.

(Com Reuters)

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