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Entenda por que a primeira classe está desaparecendo dos aviões pelo mundo

Primeira classe da Singapore foi eleita a melhor do mundo; tem até suíte de casal - Divulgação
Primeira classe da Singapore foi eleita a melhor do mundo; tem até suíte de casal Imagem: Divulgação

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/09/2019 04h00

Resumo da notícia

  • As companhias aéreas têm reduzido o número de assentos da primeira classe
  • A redução ocorre por causa da melhoria dos assentos e do serviço na classe executiva
  • A TAM foi a última empresa brasileira a ter a primeira classe em seus aviões
  • Por outro lado, companhias como Emirates têm aumentado o número de assentos na primeira classe

A primeira classe está cada vez mais rara nas principais companhias aéreas do mundo. Várias empresas já aboliram definitivamente as cabines mais luxuosas; outras têm reduzido o número de assentos dessa categoria.

Segundo a consultoria britânica OAG, as companhias Lufthansa, Singapore, Cathay Pacific, Air France e Qantas reduziram em quase 60% seus assentos de primeira classe nos últimos dez anos.

Quem está 'roubando espaço' da primeira classe

A redução da primeira classe acontece, principalmente, por causa da melhoria dos serviços e assentos disponíveis na classe executiva.

Essa mudança de paradigma começou em 2000, quando a British Airways lançou uma poltrona que reclinava totalmente, até formar um ângulo de 180 graus e se transformar em cama. Até então, os passageiros da executiva tinham de dormir inclinados. A nova poltrona virou um padrão para a classe executiva entre as companhias aéreas de todo o mundo.

Air France é uma das companhias aéreas que têm reduzido a quantidade de assentos na primeira classe - Divulgação - Divulgação
Air France é uma das companhias aéreas que têm reduzido a quantidade de assentos na primeira classe
Imagem: Divulgação

O conforto oferecido na primeira classe e na executiva foi ficando cada vez mais próximo, mas a diferença de preço da passagem continuava alta. Muitos passageiros, então, migraram para a executiva.

A crise econômica mundial de 2008 também ajudou nesse processo. Muitas empresas passaram a limitar a compra de passagens na primeira classe aos principais executivos. Afinal, com o avanço da classe executiva, seus gerentes e diretores já podiam aproveitar o voo confortavelmente e chegar inteiros ao destino final.

Atualmente, o padrão para a classe executiva é ter poltronas largas e que reclinam totalmente. O espaço do passageiro ainda conta com telas maiores de entretenimento, lugar para guardar objetos pessoais e kits de amenidades com diversos produtos de marcas de luxo. Em muitos casos, as classes executivas de hoje são melhores que as primeiras classes do passado.

TAM foi última brasileira com primeira classe

No Brasil, a Latam extinguiu a primeira classe quando ainda se chamava TAM. Foi a última companhia aérea nacional a oferecer assentos nessa categoria. Desde o final de 2014, seus aviões de longo alcance contam apenas com as classes executiva e econômica.

Atualmente, a empresa está investindo US$ 400 milhões na atualização de mais da metade dos aviões de todo o grupo. A empresa apresentou, no final de agosto, o primeiro Boeing 777 com a nova cabine. As principais mudanças estão na classe executiva, que ganharam novas poltronas e uma nova configuração, no formato 1-2-1.

Latam está investindo US$ 400 milhões na reformulação interna dos aviões, com destaque para a classe executiva - Divulgação - Divulgação
Latam está investindo US$ 400 milhões para reformular o interior dos aviões, com destaque para classe executiva
Imagem: Divulgação

"É um movimento de vários anos. A primeira classe tinha características de conforto e serviço que hoje uma classe executiva chega muito perto. Obviamente, não tem o espaço e a exclusividade que a primeira classe tinha. A TAM chegou a operar aviões com primeira [classe] que tinham apenas quatro assentos. O que se vê em todas as companhias é uma classe executiva melhorando muito", afirmou o presidente da Latam, Jerome Cadier, durante a apresentação do novo avião.

Emirates é uma das exceções

Apesar da tendência de diminuição da primeira classe, algumas companhias aéreas caminham exatamente no sentido contrário. Um dos exemplos mais claros é a Emirates. Nos últimos dez anos, segundo dados da OAG, a empresa quase dobrou o número de assentos nessa categoria.

A Emirates é uma das poucas companhias aéreas que tem ampliado a primeira classe em seus aviões - Divulgação - Divulgação
Na contramão, Emirates quase dobrou o número de assentos de 1ª classe nos últimos dez anos
Imagem: Divulgação

Essa expansão atinge também o mercado brasileiro. Atualmente, os voos entre Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Rio de Janeiro têm apenas classes executiva e econômica, mas, a partir de 1º de dezembro, a rota passará a ser feita com o Boeing 777-300ER com direito à primeira classe. A Emirates já operava com primeira classe nos Airbus A380 que voam entre Dubai e São Paulo.

"A mudança da aeronave ajudará a atender a crescente demanda dos clientes nessas rotas com 40 assentos adicionais na classe econômica, quatro assentos adicionais na classe executiva e oito assentos na primeira classe", afirmou a empresa.

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