Polícia prende sócios acusados de golpe de R$ 30 mi com pirâmide no PR
Resumo da notícia
- Foram presos dois sócios da Wolf Trade Club, empresa que prometia lucros de até 50%
- Outros quatro sócios da empresa ainda estão foragidos
- Na operação, carros e relógios de luxo foram apreendidos
- Empresa nega irregularidades e diz ter sofrido golpe
Dois dos seis sócios da Wolf Trade Club, empresa de Curitiba (PR) que prometia lucros de até 50% em cima de investimentos, foram presos na quarta-feira (16) pela Polícia Civil do Paraná. Os outros quatros ainda estão foragidos.
Segundo o delegado André Gustavo Feltes, responsável pela operação, a suspeita é de terem aplicado um golpe de pirâmide financeira que pode ter chegado a R$ 30 milhões, lesando centenas de clientes. Um deles foi um empresário que vendeu um apartamento para investir R$ 100 mil na empresa, mas acabou perdendo tudo.
Empresa nega irregularidade
O advogado do Henrique Mendes, um dos sócios da empresa, disse que não vai se manifestar sobre a prisão, pois não teve acesso à investigação. O advogado do Hugo Felix da Silva, o outro sócio preso, não foi localizado.
Segundo o delegado Feltes, a advogada do Lucas Bubniak, presidente da empresa, entrou em contato com ele hoje e disse que seu cliente vai se entregar até amanhã. Feltes não soube informar o nome nem o telefone dela. Os advogados dos outros sócios não haviam ido até a delegacia até o fechamento desta matéria.
Em entrevista na semana passada, o presidente e fundador da empresa, Lucas Bubniak, negou irregularidades e disse que a própria empresa sofreu um golpe no início de 2018 que afetou a operação e resultou em perdas de R$ 9 milhões.
Ele afirmou que, por causa disso, a companhia, que já teve 14 mil clientes, hoje tem pendências com 296 pessoas. Bubniak ainda falou que o suposto golpe foi relatado à Polícia Federal no início de setembro. Informou também que já foi formalizado um plano de pagamento aos clientes, que seria divulgado nesta semana.
Até sogro de sócio foi preso
Na operação, que aconteceu em seis bairros da capital paranaense e na região metropolitana, a polícia prendeu ainda o sogro de um dos sócios e outros três funcionários, além de apreender duas BMW 550i, avaliadas em R$ 100 mil, alguns relógios de luxo, armas de fogo e planilhas.
Como seria o esquema
Segundo a investigação, a empresa oferecia investimentos com retornos financeiros de 20%, 30% e até 50% em três meses. Esses ganhos seriam obtidos por meio de compras e vendas diárias na Bolsa de Valores, técnica conhecida como day trade.
A Wolf Trade Club, no entanto, nunca teve autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para atuar. Em julho, o órgão regulador do mercado financeiro disse que a empresa não poderia ofertar carteiras de valores mobiliários.
Outra frente de atuação, que é característica do modelo de pirâmide, era incentivar os membros a buscar novas pessoas para colocar dinheiro no negócio, com a promessa de receber 10% em cima de cada nova indicação.
Sócios ostentavam vida de luxo, diz delegado
Para atrair novos investidores, segundo Feltes, os sócios "vendiam" a imagem de meninos bem-sucedidos, com carros, apartamentos de alto padrão e muitas fotos de viagens na Europa publicadas em redes sociais.
Nos vídeos divulgados na internet, eles geralmente apareciam de terno e gravata, óculos escuros, relógios de marca e anéis de ouro.
Os sócios também tinham uma sala comercial alugada no Batel, bairro nobre da capital paranaense, e inflaram o capital social da empresa, que era de R$ 10 mil, para R$ 50 milhões.
"A pessoa olha tudo isso e pensa que, investindo na empresa, supostamente sólida e com capital social alto, também pode ganhar tanto dinheiro quanto os donos. Mostrar esse estilo de vida acaba gerando confiança", disse.
Segundo relatos de investidores, os seis amigos também costumavam promover workshops para tentar conquistar novas pessoas. Neles, mostravam números de crescimento, ostentavam dinheiro e usavam frases de convencimento.
Registros de boletins de ocorrência desde março
As investigações começaram em março deste ano, mês em que algumas das vítimas foram à delegacia de crimes contra a economia e o consumidor, em Curitiba, para fazer os primeiros boletins de ocorrência, segundo Feltes.
"Identificamos que nesse período os sócios começaram a mudar de endereço constantemente, vender veículos e a dissipar patrimônios", disse.
Foi nesse momento também que alguns investidores moveram ações contra os diretores e a empresa. Hoje, só na Justiça do Paraná, há 43 processos por danos materiais, danos morais, corretagem e inadimplência, entre outros.
Foram detidos Henrique Medes, diretor de Expansão da empresa, e Hugo Felix da Silva, vice-diretor de Expansão. Estão foragidos Lucas Bubniak (presidente e fundador), Caique Marques Fontana (diretor de Marketing), Gabriel Maximiano Picancio (diretor de Tecnologia) e Gabriel de Mello Graminho (vice-presidente e diretor de Operações).
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