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Mais pobre levaria 9 gerações para atingir renda média do país, diz estudo

Getty Images
Imagem: Getty Images

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

22/01/2020 12h30

Resumo da notícia

  • Dentre 82 países, Brasil ocupa 60ª lugar em ranking que mede a mobilidade social
  • Na Dinamarca, que lidera a lista, para o mais pobre chegar à renda média levaria duas gerações
  • Dentre os componentes do índice, pior resultado do Brasil foi em aprendizagem ao longo da vida, na antepenúltima posição
  • Estudo é do Fórum Econômico Mundial

Um relatório divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial aponta que o Brasil ocupa o 60º lugar entre 82 países em um ranking que mede o índice de mobilidade social, ou seja, o quanto uma pessoa que nasce em determinadas condições socioeconômicas tem chances de melhorar essa posição ao longo da vida.

Aqui, um brasileiro nascido no menor patamar de renda levaria nove gerações para chegar à renda média do país. Na Dinamarca, essa ascensão social demoraria só duas gerações.

O ranking de mobilidade é liderado pela Dinamarca, seguida de Noruega e Finlândia. A Costa do Marfim está na última colocação. Na América do Sul, o Brasil está atrás de Uruguai (35º), Chile (47º) e Equador (57º). Já Colômbia (65º), Peru (66º) e Paraguai (69º) vêm atrás.

O Fórum aponta a baixa mobilidade social como "causa e consequência do aumento das desigualdades" e diz que ela prejudica o crescimento econômico e a coesão social.

País é um dos piores em aprendizagem

Para chegar ao índice, o relatório analisa dez itens em cinco áreas: saúde, educação, tecnologia, trabalho e proteção social.

O Brasil tem um dos piores resultados para o item aprendizagem ao longo da vida, ocupando a 80ª posição, a antepenúltima do ranking. Só ganha da Geórgia e do Bangladesh.

Posição do Brasil em cada componente do ranking geral:

  • Aprendizagem ao longo da vida: 80ª
  • Instituições inclusivas: 74ª
  • Oportunidade de trabalho: 69ª
  • Qualidade e equidade da educação: 65ª
  • Distribuição justa de salário: 64ª
  • Saúde: 60ª
  • Acesso à educação: 57ª
  • Acesso à tecnologia: 55ª
  • Condições de trabalho: 39ª
  • Proteção social: 38ª

O relatório aponta que o Brasil se destaca negativamente por um alto índice de crianças que, aos dez anos, não atingiram o nível mínimo de educação. Ele recomenda que o país reduza a proporção de alunos por professor.

O documento também sugere que melhorar as oportunidades de aprendizagem ao longo da vida pode ajudar o país a reduzir os níveis de desemprego. Diz também que "esforços adicionais poderiam ser feitos para diminuir os níveis de desemprego entre os trabalhadores com educação básica (15,3%) e intermediária (14,1%)".

Mais mobilidade social, mais crescimento econômico

Para o fórum, a falta de mobilidade social "é um grande problema, não apenas para o indivíduo, mas também para a sociedade e a economia" porque "o capital humano é a força motriz do crescimento econômico".

A fraca mobilidade social, aliada à desigualdade de oportunidades, sustenta esses atritos, sugerindo que, se o nível de mobilidade social fosse aumentado, poderia atuar como uma alavanca do crescimento econômico.
Relatório do Fórum Econômico Mundial

O relatório diz que poucos países têm, hoje, condições de promover mobilidade social e diminuir a desigualdade. "Em média, nas principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento, os 10% mais ricos recebem quase 3,5 vezes a renda dos 40% mais pobres", aponta.

Se os países do ranking aumentassem o índice de mobilidade social em dez pontos, diz o texto, o PIB (Produto Interno Bruto) mundial teria um crescimento adicional de 4,41% até 2030, além de vastos benefícios sociais.

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