Ideia de suspender 4 meses de salário foi trapalhada? Empresários divergem
O governo Jair Bolsonaro (sem partido) revogou, na segunda-feira (23), o artigo de uma MP (Medida Provisória) que suspendia os contratos de trabalho por quatro meses, sem o pagamento de salários. A proposta foi duramente criticada por sindicatos, trabalhadores e parlamentares. Empresários, entretanto, divergiram sobre a medida.
Para alguns, as medidas são acertadas, diante da crise econômica decorrente da pandemia do coronavírus, e o presidente não está imune a equívocos, considerando a gravidade da situação. Outros criticaram a decisão e consideraram-na fruto da inexperiência política, das pressões de outros empresários e da falta de articulação com o Congresso Nacional, sindicatos patronais e de trabalhadores.
Erros podem ser corrigidos, diz empresário
O presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indúsitra da Construção), José Carlos Martins, declarou que não seria fácil para nenhum governo administrar uma crise de saúde pública com impactos significativos na economia.
Segundo ele, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os técnicos da pasta têm trabalhado ininterruptamente para apresentar medidas para ajudar empresários e trabalhadores a enfrentar o problema. Martins disse que erros fazem parte do processo e podem ser corrigidos.
Administrar uma crise dessa não é fácil. Temos que levantar as mãos para o céu pelo simples fato de que o governo está trabalhando. O presidente envia a MP e cabe ao Congresso analisar e fazer as alterações. Minha equipe técnica identificou outros problemas, mas isso faz parte do processo. Não dá é para o governo ficar de braços cruzados. Eles estão trabalhando.
José Carlos Martins, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indúsitra da Construção)
Processo atropelado, diz executivo
O vice-presidente executivo da CNS (Confederação Nacional de Serviços), Luigi Nese, afirmou que o processo de comunicação e de edição da MP foi atrapalhado. Ele declarou que a proposta de suspender os contratos de trabalho por quatro meses, sem o pagamento de salários, é excessiva, impopular e pode ser questionada judicialmente.
Em vez de editar diversas MPs, Nese sugeriu que o governo deveria fortalecer os dispositivos criados após a reforma trabalhistas, sobretudo o que determina que o acordo coletivo entre patrões e empregados tem força de lei.
O governo editou uma MP que pode ser considerada inconstitucional, com potencial de criar um passivo jurídico para os empresários. Eles deveriam fortalecer as negociações entre patrões e empregados. Mas como eles são contra sindicatos, vão editar MPs a cada 15 minutos. Eles precisam desonerar a folha de pagamentos e criar mais empregos. Isso é mais importante.
Luigi Nese, da CNS (Confederação Nacional de Serviços)
Analista fala em insensibilidade política
O analista político Lucas de Aragão, sócio da consultoria Arko Advice, declarou que o governo criou um desgaste desnecessário com a população por "insensibilidade política". Segundo ele, tanto os técnicos da equipe econômica quanto os que fazem a análise do texto, no Palácio do Planalto, antes da publicação, precisam se preocupar com os efeitos das propostas.
Todo mundo tem que ter sensibilidade política, sobretudo em um ambiente de tensão institucional entre os Poderes. Temos um cenário de recessão, com desemprego e perda de renda. O papel do núcleo político, nessa hora, é avaliar se a medida criará desgaste. Falta articulação política nesse governo.
Lucas de Aragão, sócio da consultoria Arko Advice
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