Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Para equipe econômica, saída de Moro enfraquece Guedes e gera instabilidade

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

24/04/2020 11h48Atualizada em 24/04/2020 12h43

O pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, repercutiu negativamente no Ministério da Economia. Na avaliação de técnicos da pasta, a decisão traz mais ruídos para o país e aumenta as incertezas dos investidores sobre o processo de recuperação do país, além de representar um enfraquecimento do ministro Paulo Guedes.

Após o anúncio de que Moro faria um pronunciamento, Guedes cancelou a participação em uma transmissão ao vivo com executivos do Itaú Unibanco, prevista para as 10h30 desta sexta-feira (24).

Sinais divergentes para o mercado

Auxiliares de Guedes estão preocupados com as decisões tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que emitem sinais divergentes para o mercado e para os investidores.

A primeira delas foi a demissão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. A segunda foi a criação de um programa para impulsionar o crescimento econômico com recursos públicos, coordenado pela Casa Civil, sem a participação do Ministério da Economia. E, por último, a exoneração do diretor da Polícia Federal, que levou Moro a pedir demissão.

"O Moro foi convidado para o governo pelo ministro Paulo Guedes. Isso é um gesto político que enfraquece Guedes. Há um elo entre os dois. Moro era estrela do governo e fica mais claro que o Guedes pode ser demitido se o presidente se irritar", declarou um técnico do Ministério da Economia, sob a condição de anonimato.

"Investidor não gosta de instabilidade. E os problemas não param de surgir no governo. Toda semana uma notícia negativa que afeta a economia", completou.

Na avaliação de outro técnico, o presidente Jair Bolsonaro tem adotado uma postura de atrito com os próprios auxiliares e com o Congresso Nacional que prejudica o processo de recuperação da economia. Sem o apoio dos parlamentares, as reformas tributária, administrativa e que mudam o orçamento não devem andar.

"Os atritos do presidente Bolsonaro com o Congresso impedem o avanço das reformas que são o pilar da gestão do ministro Guedes. Esse será um ano perdido. Moro também tem apoio de vários parlamentares por ser o símbolo de combate a corrupção. O governo pode perder ainda mais apoio no Congresso", disse outro técnico da Economia.