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Azevêdo: Situação do Brasil é 'menos crítica' do que a de outros países

Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) - Arne Immanuel Bänsch/picture alliance via Getty Images
Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Imagem: Arne Immanuel Bänsch/picture alliance via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

14/05/2020 15h39

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, falou sobre a situação da economia do Brasil depois que a pandemia do novo coronavírus passar. O brasileiro foi questionado sobre uma suposta tensão com a possibilidade de países produtores de insumos não mais venderem para países que não produzem insumos.

"A pandemia levou a uma nova normalidade. O novo normal. E uma parte dessa nova normalidade tem a ver com a diversificação das cadeias de suprimento. Ficou evidente nesta pandemia que você depender de insumos de uma determinada origem, de uma maneira quase que exclusiva, isso coloca sua produção, seu negócio em uma situação muito vulnerável", disse, em entrevista à GloboNews, antes de falar especificamente do Brasil.

"Esta questão é menos crítica para o Brasil do que para outros países. Apesar de o Brasil ter a economia muito complexa em vários setores, é um país menos integrado nas cadeias produtivas mundiais. Uma boa parte do pacto produtivo brasileiro não depende de insumos e não é fornecedor de insumos para outros países. Isso não é verdade em algumas áreas, como setor siderúrgico, as commodities também, o agronegócio. De uma maneira geral, o Brasil não é um país que é muito integrado nas cadeias de produção. Portanto, eu acho que não terá um impacto muito grande na reestruturação imediata na economia brasileira", declarou.

Azevêdo também disse que o Brasil "tem poder econômico" para se abastecer na área farmacêutica. De acordo com o diretor-geral da OMC, o país está em uma situação privilegiada.

"Ficou muito evidente nesta pandemia a necessidade de você ter uma estrutura de saúde importante para dar atendimento a situações de pandemia, mas também de abastecimento de equipamentos médicos. Não só de proteção, mas também medicamentos, tratamentos, vacinas, e o Brasil é um país, como muitos outros, que depende também dessa produção. O Brasil tem a capacidade de, mediante licenciamento compulsório ou importações de emergência, tem poder econômico para se abastecer se esses produtos estiverem disponíveis no mercado internacional. O Brasil tem, de certa forma, uma situação privilegiada comparada com outros países em desenvolvimento que não têm sequer essa capacidade de produção", afirmou.

"O grande temor é que, no momento que a corda aperta, que tem a pandemia, vidas se perdem, os recursos na área da saúde ficam concentrados em alguns países. É importante que a comunidade internacional esteja preparada para que essa concentração não aconteça em futuras pandemias, que todos tenham acesso a medicamentos e produtos necessários para zelar pela saúde dos cidadãos", acrescentou.