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Dólar tem maior queda semanal desde 2008 e fecha abaixo de R$ 5; Bolsa sobe

Do UOL, em São Paulo

05/06/2020 17h13Atualizada em 05/06/2020 18h19

O dólar comercial fechou em queda de 2,8%, vendido a R$ 4,988, o menor valor desde 13 de março (R$ 4,813). É a primeira vez que o dólar fecha abaixo de R$ 5 desde 26 de março. Com o resultado no dia, a moeda fechou a semana com queda acumulada de 6,6%, a maior desde outubro de 2008. Também foi a terceira queda semanal seguida. No ano, porém, o dólar ainda acumula alta, de 24,29%.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, emendou a sexta alta diária, de 0,86%, e fechou a 94.637,06 pontos. É o maior patamar desde 6 de março (97.996,77 pontos). Na semana, o índice acumulou alta de 8,28%, o terceiro avanço semanal seguido. Em 2020, a Bolsa tem queda acumulada de 18,17%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Otimismo no exterior

Investidores reagiam positivamente a dados melhores do que o esperado sobre o emprego nos Estados Unidos, além de estarem otimistas em relação a uma retomada da atividade nas principais economias devido aos relaxamentos graduais das restrições.

"Investidores acompanham a divulgação de indicadores macroeconômicos, mas mantêm o foco na reabertura das atividades econômicas em vários países", escreveram analistas do Bradesco.

Nesta sexta-feira, o relatório de emprego do governo dos EUA mostrou que a taxa de desemprego na maior economia do mundo teve uma queda inesperada em maio, passando de 14,7% em abril para 13,3%. Participantes do mercado disseram que a leitura foi muito melhor do que a esperada, sinal de que o pior da crise econômica do coronavírus pode já ter passado.

"Além disso, o anúncio da ampliação do programa de estímulos monetários feito pelo BCE (Banco Central Europeu) ontem ainda traz impulso adicional aos negócios", completaram analistas do Bradesco.

O Banco Central Europeu aprovou uma expansão maior do que a esperada em seu programa de estímulo na quinta-feira para impulsionar suas economias, ampliando as compras de ativos emergenciais em 600 bilhões de euros, para 1,35 trilhão de euros.

Cenário político no Brasil

No Brasil, apesar de o número de infectados e de vítimas fatais do coronavírus não parar de subir, os investidores também estão otimistas em relação à retomada da economia, com planos de reabertura das atividades em algumas cidades.

Analistas também avaliam que a semana foi mais calma no cenário político. "Tivemos uma semana de mar de almirante", afirmou Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais. "Não aconteceu nada surpreendente. O presidente Jair Bolsonaro até pediu para os apoiadores dele não irem às manifestações".

Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset, destacou a aproximação do governo com deputados de partidos do Centrão. "Tivemos uma guinada nas últimas semanas, porque estávamos num cenário em que o governo estava com problemas, houve saída de ministros, confusão política. Agora, o governo começou a ficar mais próximo do Centrão", disse.

Os desdobramentos políticos, porém, continuam sendo vistos como motivo de cautela, com expectativa de manifestações nas ruas no fim de semana.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar os manifestantes de grupos pró-democracia contrários ao seu governo de "marginais" e "terroristas" nesta sexta-feira, e pediu que as forças de segurança do país atuem contra as manifestações marcadas para domingo se os grupos "extrapolarem" os limites.

*Com Reuters