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Empresas lançam máquinas para esterilizar roupas e descontaminar ambientes

O esterilizador Purifica (à esq.) é um equipamento híbrido entre de purificação e esterilização; a cabine de desinfecção (à dir.) promete esterilizar roupas e acessórios com ozônio - Divulgação
O esterilizador Purifica (à esq.) é um equipamento híbrido entre de purificação e esterilização; a cabine de desinfecção (à dir.) promete esterilizar roupas e acessórios com ozônio Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/07/2020 04h00

Empresas apostam em equipamentos que prometem ajudar a combater a proliferação do coronavírus. Por exemplo, a fabricante de respiradores para UTI Baumer lançou um para esterilizar roupas, e outro para diminuir os vírus nos ambientes.

Outro lançamento é da Bioguard, empresa de sanitização de ambientes: a máquina BGtech-19, que, segundo o fabricante, mata sozinho partículas virais de qualquer ambiente, com a vaporização com desinfetantes aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e sem molhar os objetos. O shopping SP Market, em São Paulo, usa radiação ultravioleta para limpar as compras dos clientes.

Os três equipamentos são vendidos e também podem ser locados. O preço da cabine de desinfecção Purifica varia de R$ 10 mil a R$ 14 mil; e o esterilizador Purifica custa de R$ 3.700 a R$ 10 mil. A Bioguard só revela o preço da BGtech-19 sob consulta.

Máquinas não substituem cuidados pessoais

"Os equipamentos ajudam a proteger as pessoas da transmissão da covid-19 e de outras contaminações virais e bacterianas. Mas eles não substituem os cuidados determinados pela Organização Mundial de Saúde, como a utilização de máscara, lavar as mãos e manter o distanciamento", disse a empresária Duda Baumer, diretora da Divisão Purifica na Baumer.

Segundo ela, combinar diferentes formas para evitar a propagação do vírus é a melhor solução para aumentar a segurança dos ambientes.

Eficácia depende de número de pessoas e área

Para Marisa Corradi, professora do curso de Enfermagem da PUC-PR e especialista na área de esterilização e biossegurança, a eficácia dos equipamentos está atrelada aos hábitos de higiene, ao ambiente e ao número de pessoas que circulam no local.

"Há mais partículas no ar quando a área física é maior e com um grande número de pessoas circulando. Consequentemente, se faz necessária maior troca de ar, pois os ambientes fechados podem se tornar mais contaminados que o ambiente externo", declarou.

Purifica usa tecnologia de luz ultravioleta

O esterilizador Purifica, que diminui a carga viral nos ambientes residenciais (casas e condomínios) e corporativos (lojas, shoppings, empresas), é um equipamento híbrido entre os sistemas de purificação e esterilização.

De acordo com o fabricante, o ar é purificado como em um aparelho de ar-condicionado com filtros, e depois passa por uma câmara de plasma que utiliza a tecnologia de luz ultravioleta para esterilizar o ar.

Não elimina totalmente os vírus

"O aparelho não deixa o ambiente totalmente estéril porque os transportadores [pessoas com carga viral] podem contaminar o local, mas o Purifica reduz muito a carga microbiana total, evitando uma contaminação maior", afirmou Duda Baumer.

O esterilizador Purifica custa R$ 10 mil, e a locação mensal sai em torno de R$ 493 (contrato de 48 meses). Para residências e pequenas lojas, o indicado é o Mini Pura, que custa R$ 3.700 (ou em torno de R$ 130 para locação mensal em um contrato de 48 meses).

"A grande vantagem do esterilizador são suas várias etapas de processo: elevada capacidade de captação de todo o ar, etapas de filtros especiais que eliminam 99,9% dos contaminantes e processo de plasma frio com ultravioleta", disse Gerson Luqueta, doutor em engenharia biomédica, especialista na área de controle de infecção hospitalar e gerente da Divisão Purifica, da Baumer.

Cabine usa ozônio em roupas

A cabine de desinfecção Purifica, voltada para roupas e acessórios, emprega a desinfecção com gás ozônio em alta concentração. "As roupas saem esterilizadas, mas é preciso seguir também um protocolo de segurança com os funcionários", disse Duda Baumer.

Há dois tamanhos: P e G. O pequeno tem capacidade para esterilizar 30 cabides com roupas e acessórios. Custa R$ 10 mil (com locação a partir de R$ 355,71 por mês, por 48 meses). O G processa o dobro do número de roupas e acomoda sapatos e acessórios (preço: R$ 14 mil para venda, e a partir de R$ 516,36 para locação mensal por 48 meses). As duas cabines podem ser adaptadas apenas para sapatos.

Segundo Duda Baumer, a cabine maior é indicada para redes de varejo e pequenos lojistas, a fim de esterilizar roupas e acessórios após serem provados pelos clientes.

Para o uso residencial, a empresa indica a cabine menor.

A Baumer investiu cerca de R$ 4,5 milhões no desenvolvimento dos dois equipamentos. A empresa diz que lançará em breve um esterilizador para elevadores.

Máquina vaporiza desinfetante no ambiente

BGtech-19 - Divulgação - Divulgação
A máquina BGtech-19, da BioGuard, faz a vaporização com desinfetantes e sem molhar os objetos.
Imagem: Divulgação

O fabricante da BGtech-19 diz que a máquina é capaz de descontaminar rapidamente os ambientes, eliminando 99,9% dos organismos vivos no ar e nas superfícies dos objetos, incluindo fungos, bactérias e vírus.

Ela faz a desinfecção com sanitizantes (um tipo de desinfetante) vaporizados no ambiente. A gotícula ionizada faz com que as partículas que carregam os microrganismos caiam na superfície, sendo eliminados pelo sanitizante.

Com um computador de bordo, o BGtech-19 monitora a temperatura e umidade relativa do ambiente. Quando o volume está saturado, o desligamento é automático. "Assim, toda gotícula contaminada é abatida para a superfície", afirmou André Tchernobilsky, CEO da BioGuard.

Limpeza 50% mais rápida

Tchernobilsky diz que a vantagem do equipamento é a rapidez da desinfecção. "Em um hospital, a limpeza manual leva até 60 minutos com duas pessoas por quarto. O BGtech-19 reduz esse tempo em 50%, por exemplo", afirmou.

O BGtech-19 tem três modelos, para áreas que variam de 30 m² a 250 m². São voltados para residências, hotéis, clínicas, escritórios, salas de aula, comércio e centros comerciais. O preço de venda do equipamento é fornecido somente sob consulta. O aluguel é a partir de R$ 2.500 por mês.

Shopping tem máquina para desinfectar compras

shopping - Divulgação - Divulgação
Shopping SP Market tem máquina para cliente desinfectar compras
Imagem: Divulgação

O shopping SP Market (zona sul de São Paulo) instalou uma máquina que usa a radiação ultravioleta (UV) para desinfecção das compras. A cabine de descontaminação UV, fabricada pela Schneider Serviços Gerais, funciona assim: o cliente põe suas compras no carrinho da máquina e o empurra para dentro.

Com a porta fechada, o equipamento começa a emitir radiação UV, eliminando, segundo o fabricante, até 99,9% dos vírus, bactérias e outros microrganismos das superfícies. O processo tem duração de 90 segundos.

Qualquer produto (roupas, sapatos, alimentos etc.) pode passar pela máquina. O serviço é gratuito.

O shopping também tem diversas outras medidas, como tapetes antissépticos, torneiras com sensor automático e mais de 60 totens de álcool em gel. "Investimos nessa máquina de desinfecção para levar assepsia aos produtos adquiridos no shopping", afirmou Sylvio Carvalho, diretor do SP Market. O valor do investimento não foi revelado.

Especialistas dizem se funciona

Luíz Gustavo Bentim Góes, pesquisador da plataforma científica Pasteur-USP/ICB (Instituto de Ciências Biomédicas) e especialista em coronavírus, diz que, dependendo do produto químico usado, é possível "diminuir drasticamente" a capacidade infectante do vírus.

"Para isso, porém, o produto deve ter uma certa concentração e ser usado por um tempo determinado. Desinfetantes e o álcool 70% têm essa capacidade", afirmou.

Não há produtos testados

Marisa Corradi, da PUC-PR, diz que a maioria dos sanitizantes requer de 5 a 10 minutos de tempo de contato para inativar microrganismos. Portanto, é preciso esperar esse tempo para a destruição dos vírus.

"Não temos produtos registrados e testados contra o novo coronavírus. O que se recomenda, neste momento, são produtos que já foram testados contra outros coronavírus e vírus envelopados, e preconizados pela Organização Mundial da Saúde. Esses agentes inativam o vírus, mas podem causar efeitos adversos, devendo seguir as orientações do fabricante", afirmou.

Segundo ela, a tecnologia UV e o ozônio já são conhecidos e aplicados há muito tempo no mercado.

Estima-se que até 99% dos agentes causadores de doenças que estão no ambiente podem ser controlados com adequada circulação de ar, declarou a professora.

"Para tanto, o sistema de ventilação deve ser contínuo, controlado [temperatura e umidade], com protocolo de higienização de dutos e filtros, e os filtros devem ser trocados quando saturados", afirmou.