"Precisamos de progressividade no IR e taxar fortunas", diz Mercadante
O economista Aloizio Mercadante, ex-ministro no governo de Dilma Rousseff (PT), defendeu hoje durante o UOL Entrevista uma maior progressividade no Imposto de Renda — ou seja, quanto maior o salário, maior o imposto — e a taxação de grandes fortunas e heranças como formas de reforçar as receitas do país. Segundo ele, essas medidas poderiam ser utilizadas para compensar a perda de arrecadação com a desoneração da folha de pagamentos, proposta pelo economista Bernard Appy.
Nós temos que desonerar a folha. Por quê? Para gerar emprego. Mas você tem que substituir isso por outra forma de receita, porque vamos sair dessa crise com dívida. Quem vai pagar essa conta? Esse é o grande debate. Quem tem que pagar isso são os ricos, é o grande capital financeiro. Nós precisamos falar em progressividade do IR, de taxar grandes fortunas e heranças.
Em conversa com os colunistas do UOL Carla Araújo e Leonardo Sakamoto, Mercadante criticou a postura de Paulo Guedes durante a crise gerada a partir da pandemia do novo coronavírus, principalmente em relação às pequenas e médias empresas. O ex-ministro afirmou também que os bancos centrais "do mundo inteiro" foram eficientes na crise para recuperar a bolsa, mas não a economia e a atividade produtiva em geral.
"As pequenas e médias empresas estão quebrando, inclusive o Guedes deixou claro naquela reunião [22 de abril, que veio à tona após decisão do Supremo Tribunal Federal] que ele não tem compromisso com essa gente", diz.
"Se você vai à Paris, por que não tem Carrefour? Porque eles querem que o pequeno comércio se desenvolva. Na Itália não tem rede de farmácia para democratizar pequenas empresas. Um dos vetores do nosso [oposição] novo modelo de desenvolvimento é fortalecer micro e pequenas empresas. Tem que ser uma obsessão porque elas ajudam a democratizar riqueza. Não é só o crédito que não está chegando, precisa de mais do que isso", argumentou Mercadante.
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