Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Assessor de Guedes defende 'nova CPMF' e diz que taxar fortuna não funciona

Do UOL, em São Paulo

22/07/2020 16h44Atualizada em 22/07/2020 19h37

O ex-ministro Guilherme Afif Domingos, assessor especial do ministro Paulo Guedes (Economia), afirmou em entrevista ao UOL que é mais eficiente criar um imposto sobre transações financeiras, como era a CPMF, do que taxar grandes fortunas.

"Quem tem grande fortuna tem uma bruta mobilidade. E nós precisamos dessa fortuna aqui, para o nosso investimento", afirmou. "Eu prefiro um imposto sobre todas as transações, do que querer pegar um imposto sobre grande fortuna que o cara possa fugir. Então, eu acho que não é eficaz."

Nesta terça-feira (21), o governo enviou ao Congresso a primeira parte de sua proposta de reforma tributária, ainda sem a "nova CPMF". A reforma nos impostos foi dividida em quatro partes, e as demais devem ser enviadas ao Congresso até o dia 15 de agosto, segundo Afif.

"Nova CPMF"

A equipe econômica quer incluir na reforma a criação de um imposto sobre transações. A ideia, porém, tem bastante resistência, inclusive do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Afif rejeitou a comparação com a CPMF e disse que ela substituiria o "imposto odioso" sobre a folha de pagamentos, estimulando, assim, a geração de empregos.

"Vocês insistem em chamar de CPMF, e nós falamos 'não', esse é um imposto sobre transações, que não é um imposto novo, ele vem para substituir o imposto odioso, que é o imposto sobre o trabalho do cidadão, que é o imposto sobre o emprego do cidadão, e nós precisamos hoje baixar a vara do custo do emprego para facilitar o ingresso no mercado de trabalho dessa multidão que hoje está vivendo de verba assistencial", disse.

Ele afirmou que o imposto teria uma "alíquota pequena" e seria cobrado sobre transações digitais, mas sem detalhar a proposta estudada atualmente.

O assessor especial do Ministério da Economia também disse que esse tipo de imposto é mais simples e dificulta a sonegação. "Hoje a economia brasileira é metade por dentro e metade por fora. E aí [com o imposto sobre transações] não escapa ninguém", afirmou.

Sobre a resistência do presidente da Câmara, Afif afirmou que Maia não pode "interditar o debate". "O presidente Rodrigo Maia tem direito à opinião dele, só não tem direito de dizer 'aqui não passa', porque aí é interdição de debate", afirmou Afif.

Recuperação da economia será lenta

Afif afirmou que a recuperação da economia brasileira após a pandemia será lenta, sendo preciso uma alternativa para os milhões de trabalhadores sem carteira assinada que atualmente recebem o auxílio emergencial de R$ 600.

"Só que isso [auxílio emergencial] tem mais dois meses só. E depois, como vai ser? Você acha que a economia vai dar um boom para poder absorver esse pessoal todo? Não vai ser assim, não. Ela vai crescer, mas ela vai ter uma recuperação lenta", afirmou.

Afif afirmou que é necessário trazer esses trabalhadores que atualmente recebem o auxílio para o trabalho formal, por meio da criação da Carteira de Trabalho Verde Amarela —ideia defendida pelo presidente Jair Bolsonaro desde a campanha de 2018. "Seria algo sem obstáculos, sem burocracia, sem regras demais, direitos demais, e empregos de menos", disse o ex-ministro.