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Alfaiate de 89 anos faz sucesso após vídeo em que lamenta perda de clientes

O alfaiate Odiney Pedroso, 89 - Reprodução/Instagram
O alfaiate Odiney Pedroso, 89 Imagem: Reprodução/Instagram

Felipe Oliveira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/07/2020 17h55

Em um vídeo que ganhou as redes sociais, Odiney Pedroso, 89, chega a chorar ao contar que sua alfaiataria, na Vila Romana, zona oeste de São Paulo, vendeu apenas seis camisas nos últimos quatro meses, por causa da crise do coronavírus. Antes, vendia de 20 a 25 por mês.

Mas graças à ajuda de um morador da região e conhecido de "seu Pedroso", o alfaiate passou a receber tantas encomendas que agora mal dá conta do trabalho. Após assistir ao vídeo, um internauta resolveu também organizar uma vaquinha. Até está quinta-feira (30), a vaquinha já havia arrecadado quase R$ 24 mil.

Mais de 70 anos de profissão

Seu Pedroso produz há mais de 70 anos camisas personalizadas com bordados a mão. Com a pandemia, as vendas caíram, e a loja acabou acumulando dívidas.

"Tive que ir até o banco para tentar um empréstimo de R$ 1.800, um dinheiro que seria suficiente para pagar todas as despesas", conta. Ele diz que o banco não quis emprestar o dinheiro por causa da sua idade.

Renato Dias (à dir.) divulgou nas redes sociais o trabalho do alfaiate Odiney Pedroso, 89 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Renato Dias (à dir.) divulgou nas redes sociais o trabalho do alfaiate Odiney Pedroso, 89
Imagem: Reprodução/Instagram

Dono de um posto de combustível na vizinhança, Renato Dias conta que soube da história ao encontrar seu Pedroso no local. Dias é neto de um amigo de longa data do alfaiate.

"Só o fato de ele ter quase 90 anos e chegar dirigindo já me chamou atenção. Perguntei se estava tudo bem, se ele estava se cuidando. Ele disse que sim, mas que a pandemia acabou com o negócio dele. Eu me impressionei porque, além de dirigir, ele ainda trabalha", disse.

Com novos clientes, família teve que ajudar no trabalho

Dias então foi à alfaiataria para comprar uma camisa e decidiu fazer um vídeo de divulgação. Desde a postagem, o movimento na camisaria aumentou tanto que a família teve de auxiliar Pedroso.

"Foram mais de 50 pedidos de camisas nos últimos dois dias, estamos até pedindo para as pessoas não virem todas juntas para cá", conta Daniel Pedroso Zaccardi, neto do alfaiate. "Meu avô sempre trabalhou sozinho, mas estou vindo ajudar esses dias por causa da demanda que está sendo muito alta e ele não está dando conta".

Segundo Zaccardi, o avô sustentou os três filhos com o trabalho como alfaiate. Hoje tem cinco netos e oito bisnetos. Ele diz que Pedroso conseguiria se sustentar apenas com a aposentadoria, mas faz questão de trabalhar.

Algumas pessoas tentaram doar dinheiro, afirmou Dias, mas o alfaiate não quis. "O que ele queria era trabalhar", afirmou.

Vaquinha virtual arrecada quase R$ 24 mil

Apesar de o alfaiate ter se negado a receber ajuda em dinheiro, Wagner Pedro de Oliveira, um internauta de São Paulo que viu o vídeo gravado por Dias, resolveu organizar uma vaquinha virtual.

"Já entrei em contato com o rapaz que gravou o vídeo, Renato Dias, e me coloquei à disposição dele para o que for necessário. Abaixo estou mandando o print do site Vakinha, onde tentei encerrar a ajuda de todos vocês hoje. Graças a Deus atingimos o objetivo", postou Oliveira em sua conta no Facebook.

Até a publicação deste texto, a vaquinha havia arrecadado quase R$ 24 mil. A meta era R$ 1.800. Ao UOL, Renato confirmou o contato com Oliveira e disse que a vaquinha é real.