No governo, já se admite possibilidade de não aprovar Renda Cidadã este ano
Membros do governo Jair Bolsonaro (sem partido) já admitem que há a possibilidade de não aprovarem neste ano o Renda Cidadã, substituto do Bolsa Família.
No cálculo do governo, o projeto deve ser formalizado após as eleições, em dezembro, sob a responsabilidade do senador Márcio Bittar (MDB-AC). Ele é o relator do Orçamento e da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) emergencial que cria gatilhos para o gasto público.
Bittar queria apresentar o relatório nesta semana, mas o anúncio acabou ficando, em princípio, para a semana que vem. Auxiliares do presidente, porém, admitem que a proposta deve atrasar mais, justamente porque Bolsonaro quer evitar discutir a pauta durante o processo eleitoral.
Apesar do viés positivo de ampliação do Bolsa Família, o novo programa provavelmente terá que fazer ajustes em benefícios já existentes, o que poderia gerar uma agenda negativa.
O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou ao UOL que o há uma possibilidade "remota" do programa de renda não ser aprovado neste ano. O senador disse que, na visão do governo, se não for dentro do teto, o programa não existirá.
"Se [o programa] não for feito dentro do teto não vai ter nunca", disse Gomes.
"Existe uma possibilidade remota [de não ter o projeto], mas quando começar para valer a discussão do Orçamento e tivermos o relatório do Bittar o projeto deve ganhar mais corpo", completou o líder.
Ele contou que todos os esforços são feitos para auxiliar o relator Bittar montar uma proposta dentro o teto de gastos e viabilizar o programa. Para Gomes, a reaproximação do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ajuda a criar ambiente favorável à aprovação.
Um ministro que participa das negociações disse que "pode ter o [programa] Renda ou não. Se tiver, será dentro do teto, ou não terá", afirmou sob anonimato.
No governo, o discurso, que já foi inclusive manifestado por Bolsonaro, é de que sem um programa de renda em janeiro de 2021, o país pode enfrentar um "caos social".
O programa é planejado há meses, e diferentes possibilidades foram estudadas pelo governo. Oficialmente, apenas uma foi anunciada, o financiamento via recursos do Fundeb (fundo de financiamento da Educação Básica) e uso de precatórios (dívidas judicializadas do governo). Com repercussão negativa de operadores do mercado financeiro e do Congresso, a ideia foi abandonada.
Uma possibilidade que está em discussão é criar um mecanismo que abra espaço para gastos emergenciais e permita o financiamento do programa. Essa medida, porém, para ser contemplada precisaria de um cenário de continuidade da pandemia do coronavírus, por exemplo, o que enfrenta resistência do presidente que tem dito que agora é hora de cuidar da economia.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.