Sem provas, Guedes acusa bancos de pagar estudos para furar teto de gastos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje, sem apresentar provas, que a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) financia estudos para "ministro gastador" enfraquecê-lo. Segundo Guedes, a entidade é uma "casa de lobby honrada", mas faz estudos que não têm relação com a atividade bancária para furar o teto de gastos.
Durante audiência em uma comissão mista do Congresso sobre a pandemia de coronavírus, Guedes não citou o nome de nenhum ministro. Mas o chefe da Economia tem batido de frente, há meses, com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, justamente por causa da questão do teto de gastos.
Para o ministro da Economia, é preciso manter o teto de toda forma, para não comprometer as contas públicas e a credibilidade do país. Já Marinho defende que o caminho para a recuperação da economia no pós-pandemia é o aumento dos gastos para financiar obras públicas.
A Febraban é uma casa de lobby muito honrada, o lobby é muito justo. Mas tem que estar escrito na testa, "lobby bancário", que é para todo mundo entender do que se trata. Inclusive financiando estudos que não tem nada a ver com a atividade de defesa das transações bancárias. É importante dizer isso. Financiando ministro gastador para ver se fura teto, para ver se derruba o outro lado.
Paulo Guedes, ministro da Economia
O UOL procurou a Febraban e aguarda um posicionamento da entidade.
Mais acusações contra os bancos
Não é a primeira vez que a Febraban vira alvo de Guedes. Há cerca de duas semanas, o ministro criticou os bancos por serem contrários ao tributo sobre transações digitais, que o ministro quer criar, nos moldes da antiga CPMF. Guedes também acusou a entidade, novamente sem provas, de pagar economistas para criticar o novo imposto.
Na ocasião, Guedes afirmou incorretamente que "os bancos já cobram uma CPMF hoje", em referência às tarifas de DOC e TED.
"A Febraban é quem mais subsidia e paga economistas para dar consultoria contra esse imposto, mas a Febraban está fazendo isso porque quer beber essa água que os bancos bebem. Vê aí as transferências que vocês fizeram no mês passado. Os bancos cobram 2%, 1%, 3%. A exceção é grande cliente. Quando ele tem R$ 10 milhões [na conta] ele não paga. O banco cobra 10 vezes mais pela TED do que o imposto que nós estamos querendo pelo tráfego digital", declarou.
Hoje, Guedes voltou a criticar os bancos por serem contrários à nova CPMF.
Ministro tenta emplacar CPMF desde o ano passado
O ministro tenta emplacar o novo imposto desde o ano passado, como contrapartida à extinção ou redução da contribuição previdenciária das empresas de 20% sobre a folha de salários. Segundo ele, a medida geraria empregos. Mas o novo tributo enfrenta resistências no Congresso e na sociedade.
A equipe econômica rejeita a comparação com a CPMF e chama o tributo de imposto sobre transações digitais. Apesar do nome, a cobrança incidiria sobre todas as transações, não apenas as digitais.
"Tem um futuro digital chegando. O Brasil é a terceira ou quarta maior economia digital do mundo e nós vamos ter que ter um imposto digital mesmo. Querem aumentar imposto? Não, nós vamos diminuir os outros. Vamos simplificar os outros. Vamos desonerar a mão de obra. Estamos indo para um futuro melhor", disse o ministro.
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