Preço da carne de porco sobe até 50%; milho e soja seriam os vilões
Além de arroz, óleo e carne bovina, um outro produto entra na lista de aumentos em 2020: a carne de porco. Segundo o setor, a elevação do custo de produção e as exportações para a China fizeram o preço subir até 50% em alguns locais do país pesquisados pelo UOL.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta que o custo de produção do porco vivo subiu 38% de outubro do ano passado para outubro deste ano. O valor era de R$ 3,90/kg. Agora, está em R$ 5,37/kg. O motivo, segundo o órgão, é o alto valor do milho e da soja, principais fontes de alimentação dos animais.
A China abriu o mercado para o milho brasileiro e fez com que praticamente não sobrasse nada para consumo interno.
Aumento chega ao consumidor
No interior de São Paulo, os preços do pernil variam de R$ 17,90 a R$ 23,90. O lombo subiu de R$ 19,50 para até R$ 30,50 o quilo em alguns estabelecimentos.
Está tudo um absurdo. Comprei pouco mais de um quilo de pernil e paguei mais de R$ 20. Não há orçamento que aguente.
Maria de Fátima Ribeiro, 30, dona de casa de Campinas (SP)
Em Cuiabá (MT), onde o quilo do porco vivo é mais barato, os preços estão altos. Segundo Ariana Rocha, gerente geral do Açougue Rosita e Geraldo, na capital, os valores tiveram que ser aumentados em até 50%. O quilo do lombo, por exemplo, custava R$ 16. Hoje, R$ 22. O pernil subiu de R$ 12 para R$ 18 o quilo.
Em Florianópolis (SC), o pernil suíno custa R$ 19,90/kg, contra R$ 11,90/kg no começo do ano. O lombo subiu de R$ 19,90/kg para R$ 28,90/kg. O proprietário do Açougue do Kretzer, Thiago Luiz Borba Kretzer, diz que, no final do ano passado, o perrnil era vendido a R$ 9,90 o quilo.
Em Belo Horizonte (MG), os preços subiram em média 50%. Adelaide Andrade, proprietária da Casa de Carnes Boi Grill, diz que o pernil, que era vendido a R$ 12,99 o quilo em fevereiro, e agora está a R$ 24,99 o quilo. Consumidores estão preferindo frango, afirma ela.
Preço deve subir ainda mais
Iuri Pinheiro, consultor de mercado da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), afirma que os insumos que garantem a produção ainda vão continuar caros, já que, por causa da estiagem que atingiu a região Centro-Sul do país neste ano, o milho, por exemplo, foi plantado com atraso em vários grandes produtores.
Como a demanda está alta, tanto nacional quanto internacional, o preço vai se manter em alta. Não há indicativo, pelo menos por enquanto, de que o valor vá baixar.
Iuri Pinheiro
Dólar também pesa no preço
Pinheiro, afirma que não só o milho e a soja aumentaram, mas também outros insumos, como vacinas, que são importados e estão sofrendo com a alta do dólar em relação ao real.
Fora isso, nós temos a China, que está se recuperando depois de uma crise sanitária em 2018. O país era responsável por 50% de toda a produção mundial. E, agora, ela começou a importar milho, que até então era novidade para o mercado brasileiro.
Iuri Pinheiro
Aumento de custos
O suinocultor João Carlos Bretas Leite, de Jequeri (MG), presidente da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), disse que está caro manter a produção. O consumo de ração passa de uma tonelada mensal em sua propriedade.
O impacto já passa de 80% no nosso custo. A ração que custava, em média, R$ 1,15, hoje beira R$ 1,80 o quilo. E tudo é em dólar.
João Carlos Bretas Leite
O milho dobrou de preço, o farelo de soja mais que dobrou. Não é um padrão normal de comportamento.
João Carlos Bretas Leite
Mas ele diz também que o custo elevado do porco elevou os lucros dos produtores - especialmente por causa das exportações.
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