PIB tem alta recorde de 7,7% no 3º tri, mas não recupera perdas na pandemia
Após uma queda histórica no segundo trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 7,7% no terceiro trimestre, na comparação com o segundo trimestre. É o maior avanço desde o início da série histórica, em 1996, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia do novo coronavírus. Com o resultado, a economia do país se encontra no mesmo patamar de 2017.
O crescimento também ficou abaixo do esperado por analistas consultados pela agência de notícias Reuters, de 9%.
Em relação ao mesmo período de 2019, houve queda de 3,9% —foi a terceira queda consecutiva nesta comparação. No acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2020, o PIB recuou 5% em relação ao mesmo período de 2019.
Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, totalizou R$ 1,891 trilhão no terceiro trimestre.
Na comparação com o trimestre anterior, a indústria cresceu 14,8%, e os serviços aumentaram 6,3%, enquanto a agropecuária ficou em -0,5%.
"Crescemos sobre uma base muito baixa, quando estávamos no auge da pandemia, o segundo trimestre. Houve uma recuperação no terceiro, contra o segundo trimestre, mas se olharmos a taxa interanual, a queda é de 3,9% e no acumulado do ano ainda estamos caindo, tanto a indústria quanto os serviços. A agropecuária é a única que está crescendo no ano, muito puxada pela soja, que é a nossa maior lavoura", destaca a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Indústria
No trimestre, a expansão do PIB foi causada, principalmente, pelo desempenho da indústria, com destaque para o crescimento de 23,7% no setor de transformação. Também houve altas em eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (8,5%), construção (5,6%) e indústrias extrativas (2,5%).
"Olhando pela ótica produtiva, o destaque foi a indústria de transformação, até pelo fato de ter caído bastante no segundo trimestre (-19,1%), com as restrições de funcionamento. A indústria cresceu como um todo 14,8%, e a de trnsformação 23,7%, mas voltamos ao patamar do primeiro trimestre", disse Rebeca.
Serviços
Outro destaque foi o setor de serviços, que têm o maior peso na economia, e apresentou crescimento em todos os segmentos: comércio (15,9%), transporte, armazenagem e correio (12,5%), outras atividades de serviços (7,8%), informação e comunicação (3,1%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (2,5%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e atividades imobiliárias (1,1%).
"Os serviços caíram 9,4% no segundo trimestre e agora cresceram 6,3% no terceiro trimestre. Mas não recuperaram o patamar do primeiro trimestre, porque houve uma queda tanto na oferta quanto na demanda. Mesmo tendo sido retiradas as restrições de funcionamento, as pessoas ainda ficam receosas para consumir, principalmente os serviços prestados às famílias, como alojamento, alimentação, cinemas, academias e salões de beleza. O desempenho melhorou em relação ao segundo trimestre, mas ainda não voltou aos patamares antes da pandemia", afirmou Rebeca.
Agricultura
Quanto à variação negativa de 0,5% na Agricultura, Rebeca diz se tratar de um ajuste de safra.
"O destaque é o crescimento de 2,4% no acumulado do ano, ante uma queda de 5,1% a indústria e 5,3% dos serviços", diz Rebeca.
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