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Guedes: Governo deve gastar R$ 20 bi para vacinação em massa contra covid

O ministro da Economia, Paulo Guedes, na Cerimônia 100 milhões de Poupanças Digitais - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, na Cerimônia 100 milhões de Poupanças Digitais Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

11/12/2020 17h17Atualizada em 11/12/2020 20h07

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que o governo federal deve gastar cerca de R$ 20 bilhões com a vacinação em massa contra a covid-19.

"Se formos partir para uma campanha agora de vacinação em massa, devem ser mais ou menos uns R$ 20 bilhões", declarou Guedes, que participou de uma audiência da comissão mista do Congresso Nacional que acompanha ações do governo relacionadas à pandemia.

O cálculo de Guedes para o valor de R$ 20 bilhões leva em conta que cada dose da vacina custará US$ 10. "Se fizer o cálculo para 200 milhões de brasileiros e botar duas doses, são 400 milhões de doses. Se botar aí US$ 10 [por dose], estamos falando de US$ 4 bilhões, que, na verdade, são R$ 20 bilhões."

O ministro disse ainda que a vacinação contra a covid-19 é uma "aspiração" e um "direito" de todo brasileiro. "Não é por falta de recursos que vamos deixar de cumprir essa obrigação nossa", completou.

O país ainda não tem um plano de vacinação final anunciado. Segundo Arnaldo de Medeiros, secretário de Vigilância em Saúde, o plano está sendo revisado pela equipe técnica da pasta e deve ser divulgado semana que vem.

Ainda assim, o Ministério da Saúde se prepara para requisitar "toda e qualquer vacina registrada", tanto produzida no país quanto importada, para o combate ao coronavírus, afirmou hoje o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, após conversa com o ministro da área, general Eduardo Pazuello. A iniciativa deve ser viabilizada por meio de MP (Medida Provisória) a ser editada.

Segundo Guedes, o governo federal gastou quase R$ 600 bilhões (R$ 599,5 bilhões) até o momento em ações voltadas a combater a pandemia do novo coronavírus assim como reduzir as consequências socioeconômicas negativas em decorrência dela. O valor está um pouco abaixo do estimado pelo governo, de R$ 615 bilhões.

O ministro dividiu os gastos nas seguintes três grandes áreas:

  • R$ 353,8 bilhões para "salvar vidas", como o pagamento do auxílio emergencial;
  • R$ 140 bilhões para "salvar empregos e empresas", como programa para estimular a manutenção de empregos e o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte);
  • R$ 105 bilhões para entes subnacionais, como a ajuda a estados e municípios.

Guedes disse que o auxílio emergencial foi a medida mais dispendiosa ao governo: R$ 321 bilhões, pouco mais da metade do total do gasto com a pandemia até hoje. Ele afirmou que, embora a concessão da ajuda termine em 31 de dezembro deste ano, uma parte da população que solicitou o auxílio deve receber parcelas até meados de fevereiro de 2021, seguindo cronograma de pagamentos da Caixa Econômica Federal.

O ministro afirmou que o auxílio não deve ser prorrogado, porém, não se descarta outras ferramentas dentro do teto de gastos para "calibrar a aterrissagem da economia lá na frente", como a antecipação de benefícios já existentes.

Expectativa para o emprego

Ao longo da fala, o ministro ainda ressaltou as iniciativas para a manutenção de postos de trabalho durante a pandemia e disse acreditar que o Brasil vai chegar ao final de 2020 "perdendo zero empregos formais".

O Brasil abriu 394.989 vagas de emprego com carteira assinada em outubro, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados no final de novembro pelo Ministério da Economia. É o quarto mês seguido de saldo positivo e o melhor resultado desde 1992, quando foi iniciado o levantamento.

Em 2020, porém, o balanço ainda é negativo: nos dez primeiros meses do ano, foram perdidos 171.139 empregos em meio à crise causada pela pandemia de coronavírus. Os dados do Caged consideram apenas vagas com carteira assinada.

Guedes também afirmou que a economia brasileira está se recuperando em formato de "V". Após uma queda histórica no segundo trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 7,7% no terceiro trimestre, na comparação com o segundo trimestre. É o maior avanço desde o início da série histórica, em 1996, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia.

Com o resultado, a economia do país se encontra no mesmo patamar de 2017.

O ministro elogiou ações tomadas pelo Congresso Nacional, como o Orçamento de Guerra, que separa o Orçamento Geral da União dos gastos emergenciais para combater a pandemia, e a decisão de não dar reajustes ao funcionalismo público em 2020 e 2021.

Quanto ao "pós-pandemia", Paulo Guedes afirmou não haver "milagre" e reforçou a importância das reformas econômicas para um crescimento sustentável da economia brasileira. Ele citou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Pacto Federativo como uma das medidas mais importantes.

Defendeu ainda aprofundar a família de programas sociais do governo, mas disse que uma solução precisa ter base sólida de financiamento. Ao longo do segundo semestre, o governo buscou criar um programa social que substitua o Bolsa Família. Diante de divergências políticas, econômicas e repercussões negativas de medidas impopulares, o governo decidiu adiar qualquer mudança.