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Bolsonaro critica aumento da gasolina e quer novas refinarias no Brasil

9.fev.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante cerimônia de lançamento do programa "Adote 1 Parque" - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
9.fev.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante cerimônia de lançamento do programa "Adote 1 Parque" Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

01/03/2021 21h15Atualizada em 01/03/2021 23h46

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou na noite de hoje o novo reajuste no preço da gasolina e disse que quer novas refinarias no Brasil como forma de controlar os constantes aumentos nos preços dos combustíveis, segundo ele. As declarações ocorreram durante conversa do chefe do Executivo com apoiadores em Brasília.

"Gostaram do aumento da gasolina novamente, amanhã?", questionou Bolsonaro a militantes. As declarações foram transmitidas no Youtube por um canal bolsonarista.

"O presidente [da Petrobras, Roberto Castello Branco] só sai no dia 20 [de março]. Não quer dizer que o outro [novo presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna] vá interferir... Isso é para o pessoal do mercado não falar besteira, ou melhor especular. Mas tem como atacar outras áreas, como fraude, batismo, preço abusivo, para diminuir o preço. Porque dois anos em que ele esteve lá, e nada disso foi levado em conta. [Precisamos] Buscar maneiras de termos mais refinarias no Brasil. Sei que demora, mas temos que começar", completou em seguida.

Zerar impostos sobre diesel e gás de cozinha

Durante a conversa, Bolsonaro disse que irá zerar os impostos federais sobre o gás de cozinha por dois meses na tentativa de conter a alta nos preços.

"Por exemplo, o decreto deve ser publicado amanhã cedo de zerar o gás de cozinha, impostos federais, e PIS/Cofins do diesel por dois meses. Eu vou ter que tirar de algum lugar", afirmou.

Segundo divulgou a assessoria de comunicação do governo federal, a diminuição do diesel estará em vigor durante os meses de março e abril de 2021. Em relação ao gás, a medida é permanente, sem data para ser encerrada.

"A redução do gás somente se aplica ao GLP destinado ao uso doméstico e embalado em recipientes de até 13 quilos. As duas medidas buscam amenizar os efeitos da volatilidade de preços e oscilações da taxa de câmbio e das cotações do petróleo no mercado internacional", informou, em nota.

"Para o atendimento à Lei de Responsabilidade Fiscal, como forma de compensação da referida desoneração, também foi editada uma medida provisória majorando a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das instituições financeiras, alterando as regras de IPI para a compra de veículos por pessoas com deficiência e encerrando o Regime Especial da Indústria Química (REIQ)", acrescenta a nota.

Aumento dos combustíveis

A Petrobras anunciou que vai elevar os preços da gasolina e do diesel em cerca de 5% a partir de amanhã, com ambos os combustíveis renovando os maiores níveis em mais de um ano nas refinarias da estatal.

O reajuste ocorre em um momento em que o mercado indica a necessidade de importações pelo Brasil para abastecer os consumidores, uma vez que a petroleira estatal não garantiu às distribuidoras 100% da demanda de diesel apontada para março, conforme a agência Reuters publicou na semana passada.

Com o reajuste, o preço médio de venda da gasolina passará a ser de R$ 2,60 por litro, alta de 12 centavos por litro (ou 4,8%), enquanto o diesel passará a média de R$ 2,71 por litro, aumento de 13 centavos por litro (5%), disse a Petrobras.

Já o gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de botijão ou gás de cozinha, ficará 5,2% mais caro também a partir de amanhã. O preço para as distribuidoras será de R$ 3,05 por quilo (R$ 0,15 mais caro), ou seja R$ 36,69 por 13 kg (ou R$ 1,90 mais caro).

Segundo a Petrobras, seus preços são baseados no valor do produto no mercado internacional e na taxa de câmbio.

Troca de comando da Petrobras

Irritado com os frequentes aumentos, Bolsonaro indicou em fevereiro o nome do general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco.

Bolsonaro chegou a criticar o fato do atual presidente e toda a diretoria da estatal estarem desde março do ano passado trabalhando remotamente devido à pandemia da covid-19. "Não dá para governar... estar à frente de uma estatal dessa forma. Coisas erradas acontecem", avaliou.

O mercado reagiu imediatamente, e o valor de mercado da Petrobras caiu cerca de R$ 102 bilhões em apenas dois pregões.

Durante evento militar realizado em Campinas (SP), no dia 20 de fevereiro, Bolsonaro negou qualquer interferência no comando da empresa e chegou a dizer sobre possíveis reajustes.