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'Estado tem que ser indutor do crescimento', afirma presidente da CNI

Do UOL, em São Paulo

12/05/2021 10h27Atualizada em 12/05/2021 16h00

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, afirmou, nesta quarta-feira (12), que o Estado deve ser o motor do desenvolvimento industrial no país. Segundo ele, o setor privado não tem recursos nem crédito de longo prazo para cumprir este papel.

O indutor do desenvolvimento industrial tem que ser o Estado. (...) É necessário que o setor público desenvolva a economia na área de infraestrutura, atraindo capital estrangeiro, tendo regras claras. A pandemia apenas mostrou deficiências que temos no Brasil. (...) É preciso investir para melhorar competitividade das empresas. E o Brasil tem realizado muito pouco nesse período.
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI

O presidente da CNI é um dos participantes do seminário UOL Líderes, que reúne especialistas para avaliar a situação do país e o que esperar da economia nos próximos meses, por causa da pandemia de covid-19. Também participou do primeiro painel a economista-chefe do banco Santander, Ana Paula Vescovi. O seminário foi transmitido ao vivo pelo UOL.

'Isso foi feito no passado e deu errado'

Para Vescovi, por outro lado, o governo não deve atuar de forma direta para promover o desenvolvimento. Ela apontou que há experiência no Brasil nesse sentido, com grandes volumes de investimento público, o que "deu errado", segundo ela.

Essa função dos governos de promover a iniciativa privada vem mais da desregulamentação, do ajuste e do equilíbrio por meio das contas publicas do que pela promoção mais direta. Isso [a promoção mais direta] foi feito no passado e deu errado. (...) Eu colocaria como necessidade revermos nosso sistema tributário. Isso [o sistema] tira e suga energias de quem quer empreender, é fonte de instabilidade jurídica. Seria a prioridade para reformas do Brasil e para melhorar o ambiente de negócios.
Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander

Privatizações

Vescovi e Andrade também falaram sobre privatizações como forma de tornar o Estado mais eficiente. Para Andrade, as privatizações são importantes para o desenvolvimento econômico. "O setor público tem que ser indutor do crescimento por meio de privatização, concessão ou investimentos no setor privado, na construção civil, na melhoria das populações pobres", disse ele. Mas privatizar não é simples, "ainda mais na democracia", afirmou.

O leilão da Cedae foi um sucesso. O leilão dos aeroportos foi um sucesso. Privatizar Eletrobras não é simples. Tem muitas ramificações, tem problemas de gestão, o corporativismo da empresa. Não é fácil. Mas não podemos deixar de ter meta de privatizar. O governo está no caminho certo.
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI

Para Vescovi, o processo de privatização passa por educar a população sobre a importância desses movimentos. "Se a gente aprofundar o conhecimento da sociedade sobre a necessidade de ter um Estado mais efetivo, isso beneficia todos setores", afirmou.

É importante continuar o processo de privatizações. Tem muitas empresas deficitárias, dependentes do Estado. Tem que trazer esse debate para rever a necessidade da propriedade do Estado nessas empresas. Tem algumas coisas que são inexoráveis, como ter produção acelerada de gás natural a partir da exploração do pré-sal. É uma riqueza à disposição, que com bom uso vai ter oferta mais diversificada de energia, e isso traz processo mais virtuoso para o Brasil. Ter portos e aeroportos mais eficientes também é fator de competição. Ter educação de mais qualidade e melhor formação de jovens e trabalhadores implica em mais inclusão social para sermos mais competitivos. Tem muito a fazer ainda.
Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander