Taxa básica de juros sobe; quanto rendem R$ 1.000 por ano na poupança?
Resumo da notícia
- Banco Central eleva juros de 2,75% para 3,5%, segunda alta do ano
- Poupança, Tesouro Selic e Fundos DI vão render mais, mas inflação continua matando os ganhos reais dessas aplicações
- Veja como fica o rendimento de R$ 1.000 na poupança e em outras opções de renda fixa
O Banco Central elevou pela segunda vez no ano a taxa básica de juros da economia, a Selic, dessa vez de 2,75% para 3,5% ao ano. Com isso, aplicações de renda fixa, que de alguma forma seguem esse indicador, vão ter um desempenho nominal maior. Isso vale por exemplo para poupança, fundos de investimento DI e Tesouro Selic, título do Tesouro Direto.
Apesar disso, o retorno real, aquele ganho do investidor que desconta a variação da inflação, vai continuar negativo. Isso porque o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador que mede a inflação oficial do país, ainda está com variação anual maior que a da Selic.
Veja a seguir quanto rendem agora R$ 1.000 por ano na poupança, no Tesouro Selic e em fundos DI.
Compare os rendimentos de alguns investimentos
Ganho líquido
Com a nova Selic, de 3,5% ao ano, o rendimento líquido para R$ 1.000 aplicados por um ano, já descontado o Imposto de Renda ficaria assim:
- Poupança: R$ 25,90
- Tesouro Selic: R$ 28,88
- Fundos DI (taxa de administração de 0,5%): R$ 24,75
Perda real
Mas considerando uma inflação de 5,04% para 12 meses, os três investimentos ainda perderiam numa aplicação de um ano, porque a inflação segue maior do que os ganhos deles nesse período. Com R$ 1.000 aplicados, estas seriam as perdas:
- Poupança: R$ 26,75
- Tesouro Selic: R$ 21,52
- Fundos DI: R$ 25,65
Considerando o ganho líquido menos a perda, é possível verificar que apenas o Tesouro Selic ainda dá um retorno positivo ao investidor, acima da inflação.
Inflação sobe mais que juros
No encontro anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), realizado nos dias 16 e 17 de março, a inflação projetada pelo mercado, de acordo com o Boletim Focus, pesquisa semanal feita pelo Banco Central com profissionais de mercado, era de 4,6% para o fim de 2021. Agora o mesmo mercado projeta uma inflação maior, de 5,04% este ano.
Isso está acontecendo por causa da alta do dólar, que segue provocando reajustes de vários produtos, como combustíveis e alimentos.
Ou seja, mesmo com a alta da Selic, os investimentos de renda fixa mais conservadores ainda levam os investidores a perderem dinheiro porque a inflação está maior que os juros.
Profissionais de mercado destacam que a alta da Selic vai continuar ao longo dos próximos meses. Nas projeções dos economistas, a taxa básica de juros vai encerrar este ano em 5,50% ao ano, e vai continuar subindo em 2022, para 6,25%, até atingir 6,5%, em 2023.
Muito provavelmente teremos mais um aumento significativo dos juros na próxima reunião do Copom. Somado a isso, os juros futuros projetados para 2022 já se encontram próximos a 7% ao ano. Esses movimentos tendem a trazer mais apelo para os ativos de renda fixa.
Rodrigo Mendonça, Analista de Renda Fixa da Valora Investimentos
Juros reais do Brasil são o 3º maior do mundo
Com a alta da taxa básica de juros para 3,5% ao ano, o Brasil passa a ocupar a terceira colocação no ranking mundial de juros reais, segundo levantamento feito pela gestora de recursos Infinity Asset Management, que calculou a taxa de juros descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
Veja abaixo o ranking dos juros reais nas principais economias do mundo.
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