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Investidor morto em Porsche no RJ atuava com corretora proibida no Brasil

Última foto publicada por Wesley Pessano foi em frente ao seu Porsche, onde foi morto - Reprodução/Instagram
Última foto publicada por Wesley Pessano foi em frente ao seu Porsche, onde foi morto Imagem: Reprodução/Instagram

Carolina Pulice

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/08/2021 16h55

O investidor Wesley Pessano, morto em seu Porsche na quarta-feira, 4, usava uma plataforma proibida de atuar no Brasil. Wesley tinha 133 mil seguidores no Instagram e publicava frequentemente imagens e vídeos em que dizia ganhar dezenas de milhares de reais em apenas um dia. As fotos mostram a plataforma IQ Option ativada.

O investidor foi encontrado morto em seu Porsche na região dos Lagos, no Rio, e a polícia investiga o possível motivo do crime e seus possíveis autores.

O uso de uma corretora de investimentos não autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por figuras públicas tem chamado a atenção nas redes sociais e no mercado financeiro. A IQ Option, corretora que atua na negociação diária de ativos na Bolsa (day trade), não tem autorização de atuação pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Em abril de 2020, a Comissão publicou uma nota afirmando que "não está autorizada pela CVM a captar clientes residentes no Brasil, por não integrar o sistema de distribuição previsto" na lei.

Com isso, anunciou a imediata suspensão de veiculação de qualquer oferta pública de oportunidades de investimento em valores mobiliários, com um "alerta" de uma multa diária de R$ 1.000 caso a empresa não cumprisse a determinação. Em abril deste ano, a Comissão reiterou seu posicionamento.

Embora a corretora não tenha se manifestado, é possível encontrar em seu site um alerta sobre a atuação no Brasil. De acordo com a companhia, seus serviços são realizados "exclusivamente nos territórios em que é licenciada".

"A IQ Option não está autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a oferecer diretamente serviços de distribuição de valores mobiliários a investidores residentes, domiciliados ou incorporados na República Federativa do Brasil. Nada neste material deve ser entendido como uma oferta direta de serviços endereçados a esses investidores", afirma.

Polêmica com o goleiro Bruno

Essa não é a única polêmica envolvendo a IQ Option. O ex-goleiro Bruno Fernandes, condenado a mais de 20 anos de prisão pela morte de Eliza Samúdio, apareceu em uma live em sua página oficial do Instagram afirmando que se tornara um investidor.

"Futebol é coisa do passado. Aposentei a luva, parei. Agora o negócio é só investimento", afirma em uma live publicada no dia 12 de maio. Na live, o ex-goleiro mostrou sua tela do notebook, em que aparece a plataforma do IQ Option.

O UOL procurou o goleiro anteriormente, que afirmou que ele não sabia da proibição da empresa de atuar no país. Procurada mais uma vez, sua assessoria não retornou antes do fechamento da matéria.

Em maio, a corretora informou ao UOL que não atua no Brasil. O gerente de parcerias da IQ Option, Leandro Cassius, informou que a corretora "não possui nenhuma parceria com Bruno Fernandes" e que a corretora não presta serviços no Brasil. "Confirmamos que nossa empresa não possui escritórios no Brasil nem prestamos serviços em território brasileiro. Oferecemos serviços apenas via internet. Nossos serviços estão disponíveis online em vários países", disse.

Ex-namorado da Xuxa faz propaganda de robô da Nasa

Em abril, o ator Luciano Szafir, ex-namorado da apresentadora Xuxa e pai de sua filha, Sasha, apareceu como garoto-propaganda da empresa, prometendo retornos de mais de 300% ao mês através de investimentos com "robôs da Nasa". No vídeo da IQ Option, o ator afirmava que um "algoritmo exclusivo" garantia ganhos sem muito trabalho.

A repercussão foi tão negativa que o ator pediu que a empresa tirasse do ar sua propaganda e se desculpou publicamente pela "controversa" promessa.