Offshore de Luciano Hang ficou escondida por 17 anos, diz site
O empresário Luciano Hang manteve irregular por 17 anos uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. Criada em 1999, a empresa Abigail Worldwide foi mantida em paraíso fiscal, sem declaração às autoridades brasileiras, até 2016.
A informação foi levantada pelo jornal digital Poder360 com base em documentos dos Pandora Papers, do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos).
Em 2018, dois anos após a regularização, a empresa tinha um saldo de US$ 112,6 milhões, o equivalente a R$ 604 milhões, considerando a cotação atual do dólar. Esse valor, era dividido em US$ 2 milhões em caixa e o restante em títulos financeiros de empresas ou países.
No Brasil, apesar de ser permitido possuir offshores, caso os ativos ultrapassem US$ 1 milhão, é necessário informar à Receita Federal e ao Banco Central.
A regularização da empresa em 2016 foi possível graças à chamada lei da repatriação, sancionada no governo Dilma Rousseff (PT). Para isso, o empresário pagou 15% de imposto sobre o valor guardado no exterior, além de uma multa de 100% sobre o tributo. No entanto, não é possivel saber o valor real pago.
Depois, a empresa de Hang foi apresentada ao mercado brasileiro em agosto de 2020. À época, a Havan lançou um plano para se colocar na Bolsa de Valores. O projeto, no entanto, não evoluiu e não foram dadas explicações.
Proteção às variações da cotação do real
Na última quarta-feira (29), em oitiva na CPI da Covid, o empresário admitiu possuir "duas ou três" contas bancárias no exterior, além de offshores em paraísos fiscais, mas garantiu que seu patrimônio é legal. Ele também negou usar esses recursos para financiar a disseminação de fake news sobre a pandemia do coronavírus.
Agora, ao Poder360, Hang disse que mantém os valores fora do país por motivos cambiais. Isso porque, segundo ele, por trabalhar com importação, o dinheiro no exterior funciona como proteção às variações da cotação do real.
Mas o empresário também fez críticas ao questionamento do portal, que perguntou porque ele, que se diz nacionalista, investe muito mais em empresas estrangeiras. Segundo o levantamento do Poder360, dos US$ 69,2 milhões investidos, 97,3% foram aplicados em papéis de empresas dos Estados Unidos, como Goodyear, Motorola, AT&T, Verizon e Netflix; da Suíça (UBS e Credit Suisse); Inglaterra (Barclays e Lloyds); Índia (Jaguar e Land Rover); e França (Eletricité de France), entre outros. Os investimentos em brasileiras, por outro lado, representam 2,7% do total, somando R$ 1,8 milhão, em títulos da Natura, Klabin, Marfrig, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Itaú e Petrobras.
"Fica evidente que há um claro objetivo da construção de uma narrativa que visa desconsiderar tudo que a Havan investe no Brasil, contribuindo nestes 35 anos com milhares de empregos diretos e indiretos, bilhões em investimentos, pagamentos de impostos etc.", disse, em mensagem encaminhada por sua assessoria para o portal.
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