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"Não há menor possibilidade de racionamento em 2021", diz ONS

Torre de energia; linha de transmissão; hidrelétrica; Itaipu - Adriano Machado//Bloomberg
Torre de energia; linha de transmissão; hidrelétrica; Itaipu
Imagem: Adriano Machado//Bloomberg

Do UOL, em São Paulo

06/10/2021 20h36

O diretor do ONS (Operador Nacional do Sistema) Luiz Carlos Ciocchi descartou hoje qualquer possibilidade de racionamento no Brasil para o ano de 2021, mesmo com a crise hídrica e o período de seca que atinge principalmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste.

"Sim [o sistema tem como atender a demanda sem racionamento de energia]. O sistema tem condições. Não há menor possibilidade de racionamento para o ano de 2021", disse o diretor, convicto, durante entrevista à CNN Brasil. "O sistema elétrico brasileiro é bastante robusto. Desde o ano passado, há um ano, a gente vem implementando várias ações —desde e o despacho de termelétricas até redução de vazão de algumas represas e reservatórios para garantir o melhor atendimento da sociedade, e principalmente a capacidade de atender ao aumento da demanda", completou.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reconheceu a gravidade da crise hídrica, considerada por especialistas como a pior nos últimos 91 anos, mas disse que o governo federal "não acredita em racionamento". Apesar disso, no entanto, o chefe do Executivo chegou a pedir à população que "apague uma luz em casa" para economizar energia, sugerindo também evitar elevadores e tomar banhos frios, quando possível.

Até faço um pedido para você agora: tem uma luz acesa a mais na sua casa? Por favor, apague. Nós estamos vivendo a maior crise hidrológica dos últimos 90 anos. Se você puder apagar uma luz na sua casa, apague. Se puder desligar seu ar-condicionado, se não puder... Está com 20ºC, passa para 24ºC, gasta menos energia.
Jair Bolsonaro, durante live

Bandeira da escassez

A crise hídrica levou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a anunciar, no fim de agosto, a criação de uma nova bandeira para a conta de luz, chamada de bandeira de escassez hídrica. A taxa tem o valor de R$ 14,20 por 100 kWh, e passou a ser cobrada dos consumidores desde 1º de setembro.

O novo valor, que ficará em vigor até 30 de abril de 2022, representa um aumento de 49,6% (ou R$ 4,71) em relação à atual bandeira vermelha patamar 2 (de R$ 9,49 por 100 kWh), que estava sendo aplicada à conta de luz até então. No final de junho, o valor da bandeira vermelha patamar 2 já havia subido 52%.

Estamos com uma bandeira vermelha aí, de R$ 14... Não é maldade. É para compensar o pagamento da fonte alternativa de energia que vem de termelétrica, que custa caro. (...) A gente pede a Deus para que agora em novembro venha a chuva para valer, para a gente não ter problema no futuro.
Jair Bolsonaro, durante live

As bandeiras tarifárias são independentes da tarifa de energia, e acrescentadas ao valor da conta dependendo das condições de geração de energia no setor elétrico. Quando o cenário é favorável, não há acréscimo (bandeira verde). A bandeira amarela indica cenário menos favorável, enquanto as vermelhas (patamar 1 e 2) apontam para condições custosas de geração de energia.

Medidas do governo

A crise hídrica levou o governo a anunciar em agosto algumas medidas para redução do consumo de energia em toda a administração pública federal. Um decreto presidencial determinou a redução do consumo de eletricidade desses órgãos entre 10% e 20% em relação ao mesmo mês nos anos de 2018 e 2019, ou seja, antes do período pré-pandemia.

Paralelamente, o Ministério de Minas e Energia decidiu enviar energia elétrica produzida no Nordeste para compensar a escassez do Sul e do Sudeste. Segundo disse em 25 de agosto Luiz Carlos Ciocchi, presidente do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), isso se deve à "espetacular" geração de energia eólica nos estados nordestinos.

"Agosto foi um mês muito seco. A única região do Brasil onde poderia ter uma chuva esperada era a região Sul. Essa chuva não apareceu na intensidade que a gente esperava. Então temos aí uma situação bastante crítica", explicou Ciocchi em coletiva.