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Inflação é a maior para setembro desde 1994 e chega a 10,25% em 12 meses

Do UOL, em São Paulo

08/10/2021 09h03Atualizada em 08/10/2021 13h56

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, teve alta de 1,16% em setembro, após ficar em 0,87% em agosto. Esse é o maior resultado para o mês desde 1994 (1,53%) e foi puxado pela alta na conta de luz. No acumulado de 12 meses, a inflação chega a 10,25%, bem acima da meta estabelecida pelo Banco Central para este ano, que é de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.

É a primeira vez que a inflação passa de 10% desde fevereiro de 2016 (10,36%). Em setembro do ano passado, a variação mensal foi de 0,64%. No ano, o IPCA acumula 6,9%.

Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e se referem às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.

Alta da conta de luz

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em setembro, informou o IBGE. O maior impacto (0,41 ponto percentual) e a maior variação (2,56%) vieram do grupo de habitação, puxado principalmente pela alta da energia elétrica (6,47%).

Em setembro, passou a valer a bandeira de escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Em agosto, a bandeira vigente era a vermelha patamar 2, na qual o acréscimo era menor (de R$ 9,49 para 100 kWh).

Essa bandeira foi acionada por causa da crise hídrica. A falta de chuvas tem prejudicado os reservatórios das usinas hidrelétricas, que são a principal fonte de energia elétrica no país. Com isso, foi necessário acionar as termelétricas, que têm um custo maior de geração de energia. Assim, a energia elétrica teve de longe o maior impacto individual no índice no mês, com 0,31 ponto percentual, acumulando alta de 28,82% em 12 meses
Pedro Kislanov, gerente do IPCA

Os preços do gás de botijão (3,91%) também continuaram subindo em setembro. Em 12 meses, o gás acumula aumento de 34,67%, segundo Kislanov.

Combustíveis 42% mais caros em 12 meses

O grupo dos transportes (1,82%) acelerou em relação a agosto, quando variou 1,46%. Novamente, a maior contribuição (0,18 ponto percentual) veio dos combustíveis, que subiram 2,43%, puxados pelas altas da gasolina (2,32%) e do etanol (3,79%).

Em 12 meses, os combustíveis subiram 42,02%.

O gás veicular (0,68%) e o óleo diesel (0,67%) também apresentaram variação positiva.

Ainda no grupo de transportes, as passagens aéreas tiveram alta de 28,19% — em agosto houve registro de queda de 10,69% — e de 9,18% nos transportes por aplicativo, cujos preços já haviam subido 3,06% no mês anterior.

Em meio à alta no preço dos combustíveis e constantes reclamações de passageiros sobre como anda difícil pedir transporte por aplicativo, as duas principais empresas do setor no Brasil, Uber e 99, decidiram aumentar os ganhos dos motoristas.

Batata, tomate e queijo sobem

O grupo de alimentação e bebidas (1,02%) teve uma leve desaceleração em relação a agosto (1,39%) por causa do recuo das carnes (-0,21%), após sete meses consecutivos de alta.

Kislanov explicou que a queda no preço das carnes pode estar relacionada à redução das exportações para a China — no início do mês, houve registro de casos do chamado "mal da vaca louca", como é conhecida a EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina).

Também recuaram os preços da cebola (-6,43%), do pão francês (-2%) e do arroz (-0,97%). No entanto, as frutas (5,39%), o café moído (5,50%), o frango inteiro (4,50%) e o frango em pedaços (4,42%) registraram altas expressivas.

Também aumentaram os preços da batata-doce (20,02%), da batata-inglesa (6,33%), do tomate (5,69%) e do queijo (2,89%).

BC sobe juros para tentar conter inflação

Para tentar conter a inflação, o BC fez sucessivos aumentos na Selic, a taxa básica de juros, e já sinalizou que fará mais.

Na última reunião, em setembro, a taxa subiu de 5,25% para 6,25% ao ano — o maior patamar desde julho de 2019, quando a Selic estava em 6,5% ao ano.

Ao subir os juros, o BC procura reduzir o consumo, forçando os preços a cair. O efeito colateral negativo é que isso segura o crescimento econômico.

Por outro lado, quando a inflação está baixa, o BC corta os juros para estimular o consumo.

No ano passado, a inflação fechou em 4,52%, a maior desde 2016 (6,29%) e acima do centro da meta do governo para 2020 (4%).