BC sobe juros pela 5ª vez, a 6,25% ao ano, maior nível em mais de 2 anos
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (22), por unanimidade, subir a taxa básica de juros da economia (Selic) em um ponto percentual, de 5,25% para 6,25% ao ano — o maior patamar desde julho de 2019, quando a Selic estava em 6,5% ao ano.
Na decisão, o BC considerou a necessidade de segurar a alta de preços. O IPCA, a inflação oficial no país, acumula 9,68% em 12 meses, até agosto. Está muito acima da meta do BC, de 3,75%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo — ou seja, podendo variar entre 2,25% e 5,25%
O BC também sinalizou um novo aumento de um ponto percentual na próxima reunião, em 45 dias. Se a previsão se cumprir, os juros saltarão para 7,25% ao ano, maior percentual desde dezembro de 2017 (7,5%).
"A inflação ao consumidor segue elevada. A alta nos preços dos bens industriais (...) ainda não arrefeceu e deve persistir no curto prazo. Adicionalmente, persistem as pressões sobre componentes voláteis como alimentos, combustíveis e, especialmente, energia elétrica, que refletem fatores como câmbio, preços de commodities e condições climáticas desfavoráveis".
Trecho do comunicado do Copom
O comunicado do Copom ainda defendeu a aprovação de reformas e o ajuste das contas públicas.
O Copom reitera que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.
Trecho do comunicado do Copom
Quinta alta seguida
Foi a quinta reunião consecutiva em que o BC decidiu pela alta, e a medida já era esperada por analistas.
Antes disso, os juros passaram sete meses — de agosto de 2020 a março de 2021 — em seu patamar mínimo histórico (2% ao ano), ainda na esteira das preocupações sobre os efeitos da pandemia da covid-19 no Brasil e no mundo. Foram quatro reuniões do Copom sem alterações na Selic, até o aumento anunciado em março, para 2,75%.
Depois, vieram mais dois reajustes de 0,75 ponto percentual: o primeiro em maio, para 3,50% ao ano, e o segundo em junho, para 4,25% ao ano. Em agosto, a alta foi de 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano — o maior aumento na taxa em 18 anos, desde 2003.
Selic nas últimas 10 reuniões
- 22 de setembro de 2021: 6,25% ao ano
- 4 de agosto de 2021: 5,25% ao ano
- 16 de junho de 2021: 4,25% ao ano
- 5 de maio de 2021: 3,50% ao ano
- 17 de março de 2021: 2,75% ao ano
- 20 de janeiro de 2021: 2% ao ano
- 9 de dezembro de 2020: 2% ao ano
- 28 de outubro de 2020: 2% ao ano
- 16 de setembro de 2020: 2% ao ano
- 5 de agosto de 2020: 2% ao ano
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação ou tentar estimular a economia. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta de 2021 é que a inflação seja de 3,75%, mas há uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo — ou seja: pode variar entre 2,25% e 5,25%. No ano passado, a inflação fechou em 4,52%, a maior desde 2016 (6,29%) e acima do centro da meta do governo para 2020 (4%).
Consumidor paga mais...
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos por ela corrigidos. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
... E poupança ainda rende menos
Com os juros baixos, a poupança rende menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial). Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR.
O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro — ontem —, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
(Com Agência Brasil)
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