BC decide subir juros para 2,75% ao ano, a primeira alta em quase 6 anos
Depois de quase seis anos, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu hoje, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano. É a primeira vez que os juros sobem desde julho de 2015, quando a Selic passou de 13,75% para 14,25% ao ano.
O BC também deixou em aberto a possibilidade de um novo aumento da mesma magnitude na próxima reunião, marcada para daqui 45 dias. Se a previsão se cumprir, os juros básicos da economia saltarão para 3,50% ao ano, o maior patamar desde maio do ano passado (3,75%).
Os juros estavam em seu patamar mínimo histórico — 2% ao ano — desde agosto do ano passado, ainda na esteira das preocupações sobre os efeitos da pandemia da covid-19 no Brasil e no mundo. Foram quatro reuniões do Copom sem alterações na Selic até o reajuste anunciado hoje.
O BC avalia que indicadores divulgados recentemente — em particular, o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre de 2020 — indicam recuperação "consistente" da economia, mas ainda não representam os efeitos da explosão no número de casos e mortes causadas pela covid-19, com sistemas de saúde em todo o país entrando em colapso.
"Essas leituras, entretanto, ainda não contemplam os possíveis efeitos do recente aumento no número de casos de covid-19. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o primeiro e segundo trimestres deste ano", explica o Copom.
Esperada por analistas, a decisão já era indicada desde a última reunião, quando o BC fez uma mudança importante no comunicado que costuma divulgar após os encontros, excluindo um termo técnico chamado "forward guidance". Na prática, era como se o Copom retirasse a promessa de não elevar os juros, abrindo a possibilidade de um reajuste se as condições da economia justificassem esse movimento — o que, de fato, aconteceu.
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação ou tentar estimular a economia. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta de 2021 é manter a inflação em 3,75%, mas há uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, ou seja: pode variar entre 2,25% e 5,25%. No ano passado, a inflação fechou em 4,52%, a maior desde 2016 (6,29%) e acima do centro da meta do governo para 2020 (4%).
O índice de fevereiro deste ano, o último divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ficou em 0,86%, a maior alta para o mês desde 2016 (0,9%). Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 5,2%.
Consumidor paga mais...
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos por ela corrigidos. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
... E poupança rende menos
Com os juros baixos, a poupança rende menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial). Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR.
UOL Economia+ fará evento para quem quer investir
Entre 23 e 25 de março, o UOL Economia+ e a casa de análises Levante Ideias de Investimento realizarão evento online gratuito. O economista Felipe Bevilacqua, analista certificado e gestor especialista da Levante, comandará três grandes aulas para explicar ao leitor do UOL como assumir as rédeas do próprio dinheiro.
O evento é gratuito para todos os leitores do UOL. Garanta o seu lugar no evento aqui.
(Com Agência Brasil)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.