Temer: Debandada na equipe econômica de Paulo Guedes é 'quase desastrosa'
O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) apontou hoje, durante o UOL News, que a saída de quatro secretários do Ministério da Economia foi "quase desastrosa".
Ontem, quatro secretários que integravam a equipe do ministro da Economia Paulo Guedes pediram demissão, conforme apuração da colunista Carla Araújo, do UOL. Foram eles: secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, a secretária especial-adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araújo.
O anúncio da saída dos auxiliares ocorreu após a confirmação de que o governo planeja uma manobra para driblar o teto de gastos e viabilizar o novo Bolsa Família no valor de R$ 400 até o final de 2022, ano em que Bolsonaro tentará a reeleição à presidência.
As declarações de Guedes também impactaram o mercado financeiro. Ativos financeiros brasileiros negociados em praças externas mantinham-se de forma geral sob pressão hoje, depois de tombos na véspera pela perspectiva de deterioração estrutural no arcabouço fiscal doméstico. Mas o tom negativo parecia menos pronunciado nesta manhã, com as perdas no exterior desacelerando à medida que investidores reveem cenários depois do chacoalhão de ontem.
Segundo o ex-mandatário, ele conhece pouco o ministro Paulo Guedes e, segundo sua perspectiva, cabe ao presidente Bolsonaro decidir se irá demiti-lo.
O governo precisa examinar o que vai fazer, tendo em vista esses fatos todos. Penso eu, me atrevo a dizer, que não foi útil para o ministro Paulo Guedes a saída de vários auxiliares. É claro que não é útil, é quase desastroso. Agora se ele vai ser mantido ou não, esta é uma decisão presidencial.
Ex-presidente da República Michel Temer (MDB) no UOL News
Apesar da opinião do político do MDB, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem, em entrevista à CNN Brasil, que o ministro Paulo Guedes continuará no governo. Ele disse ainda que a prioridade agora é dar continuidade à agenda de reformas econômicas em pauta no Congresso.
Para Temer, mesmo com a decisão de Bolsonaro continuar com Guedes à frente da pasta, o governo federal precisa já ter algum outro nome de "reserva" para caso o atual ministro abra mão do cargo.
"No que o governo deve agir, vou dar um palpite aqui, é agir rapidamente para substituir. Porque, se o ministro Paulo Guedes resolver sair [do cargo], é evidente que já deve ter alguém. O governo já está pensando em alguém que vai chamar imediatamente, dizer 'ocupa o lugar', porque tem que ter continuidade. O que não pode é haver uma descontinuidade [no ministério]."
Secretários pedem demissão
Quatro secretários que integravam a equipe do ministro da Economia Paulo Guedes pediram demissão, conforme apuração da colunista Carla Araújo, do UOL. Foram eles: secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, a secretária especial-adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araújo.
Os quatro informaram razões pessoais, segundo o ministério. "Funchal e Bittencourt agradecem ao ministro [Paulo Guedes] pela oportunidade de terem contribuído para avanços institucionais importantes e para o processo de consolidação fiscal do país", diz a pasta.
As demissões acontecem após a confirmação de que o governo planeja uma manobra para driblar o teto de gastos e viabilizar um auxílio social de R$ 400 até o final de 2022, ano em que Bolsonaro tentará a reeleição.
Na última terça-feira (19), Funchal e Bittencourt já haviam ameaçado de se demitir, segundo fontes do Palácio do Planalto, após o presidente determinar o valor de R$ 400 para o programa social Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família. O governo chegou a marcar um evento de lançamento, mas ele foi cancelado de última hora, após reação negativa do mercado financeiro e da equipe de Guedes.
Depois das saídas dos secretários, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite ontem que o mercado fica "nervosinho" com as medidas anunciadas por ele. "Se vocês explodirem a economia do Brasil, mercado [sic], vão ficar prejudicados também", disparou ainda o chefe do Executivo em transmissão ao vivo nas redes sociais.
*Com informações de Fabrício de Castro, do UOL, em Brasília, e da Reuters
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