Equipe econômica já sofreu mais de 15 baixas; veja quem saiu
Após perder para a ala política a disputa interna no governo pela manutenção do teto de gastos ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, viu sair também parte dos seus principais auxiliares. Quatro secretários pediram exoneração do cargo e, com isso, as baixas na equipe econômica já chegam a mais de quinze nomes desde o início do governo.
Pediram exoneração do cargo o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e sua adjunta, Gildenora Dantas, além do secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, e seu adjunto, Rafael Araujo.
Todos alegaram razões pessoais, segundo o ministério, mas as demissões aconteceram em meio à proposta do governo de furar o teto de gastos para bancar o chamado Auxílio Brasil, programa que pode substituir o Bolsa Família.
A expectativa do governo é que o novo programa possa ajudar a recuperar a popularidade de Bolsonaro para a disputa eleitoral do próximo ano. Atualmente, o presidente aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O Ministério da Economia esclareceu que os membros da equipe que pediram exoneração continuarão despachando com o ministro até que sejam anunciados os seus substitutos nos cargos.
Veja abaixo as principais baixas na equipe econômica:
Joaquim Levy, ex-presidente do BNDES
Levy foi ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff (PT) e secretário do Tesouro de Lula. Ele pediu demissão da presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em junho de 2019.
Ele foi alvo de críticas de Bolsonaro por causa da nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto, que trabalhou em governos do PT, para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento.
Levy foi levado à chefia do BNDES por indicação de Paulo Guedes. Os dois têm passagem pela Universidade de Chicago, considerada a principal instituição do pensamento liberal.
Marcos Cintra, ex-secretário especial da Receita Federal
Cintra pediu exoneração do cargo em setembro de 2019.
O secretário acumulou desgastes no governo ao sugerir a tributação de igrejas e a criação de outros impostos, além de um desentendimento ligado à possibilidade de recriação de um imposto sobre transações financeiras, nos moldes da extinta CPMF.
Alexandre Manoel, ex-secretário de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria
Alexandre Manoel deixou o governo em fevereiro de 2020.
Ele era remanescente da equipe econômica do governo de Michel Temer (MDB) e responsável pela área que faz avaliação dos programas de governo e da eficácia econômica dos benefícios tributários.
Marcos Troyjo, ex-secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais
Economista, cientista político e diplomata, Troyjo deixou o cargo em maio de 2020 para assumir a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics.
Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro Nacional
Mansueto pediu demissão em junho de 2020. Ele foi para a iniciativa privada (atualmente é economista-chefe do BTG Pactual).
Mansueto integrava a equipe econômica desde 2016, na gestão Temer, e seguiu na administração Bolsonaro.
Ele comandava o Tesouro desde abril de 2018. Antes, foi secretário de Acompanhamento Econômico e de Acompanhamento Fiscal do então Ministério da Fazenda, na gestão Henrique Meirelles.
Caio Megale, ex-diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda
Caio Megale deixou a pasta em julho de 2020 e retornou ao setor privado (atualmente é economista-chefe da XP).
Megale ocupou três funções diferentes nos 19 meses em que integrou a equipe de Guedes.
Primeiramente, assumiu a secretaria de Desenvolvimento da Indústria Comércio, Serviços e Inovação, com o objetivo de fazer a ponte entre o ministério e o setor privado. Depois, foi "promovido" a assessor especial do próprio ministro, passando a despachar diretamente com Guedes.
Perdeu a posição e foi realocado como diretor de programas na Secretaria Especial de Fazenda, então comandada por Waldery Rodrigues.
Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização e Privatização
O empresário deixou o governo em agosto de 2020. Na época, Guedes disse que ele estava insatisfeito com o ritmo das privatizações no país.
"O Salim Mattar pediu demissão hoje. Isso, na verdade, é um sinal de insatisfação com o ritmo de privatizações. Mas vocês têm que perguntar para o Salim quem é que está impedindo as privatizações. O que ele me disse é que é muito difícil privatizar, o Estado não deixa privatizar, é muito emperrado", disse o ministro na ocasião.
Paulo Uebel, ex-secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital
Uebel deixou a pasta no mesmo dia em que Mattar, dia que Guedes classificou como uma "debandada".
Na ocasião, o ministro disse que ele reclamou da falta de andamento da reforma administrativa, que trata dos servidores públicos.
Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil
O economista oficializou sua renúncia à presidência do Banco do Brasil em setembro de 2020, mas pediu demissão em julho daquele ano.
Novaes foi indicado ao cargo por Guedes em novembro de 2018 e ficou pouco mais de 18 meses no cargo.
Ele afirmou à época que decidiu deixar o cargo por "não se adaptar à cultura de privilégios, compadrio e corrupção de Brasília", mas não quis citar um fato específico e disse que se referia ao ambiente político da capital do país.
André Brandão, ex-presidente do Banco do Brasil
Brandão renunciou ao cargo em março de 2021. Ele caiu em desgraça com Bolsonaro em janeiro, após o BB ter anunciado um plano para fechar 361 agências e abrir um programa de demissão voluntária para 5 mil funcionários com objetivo de economizar R$ 2,7 bilhões até 2025.
O nome de Brandão foi um dos escolhidos por Guedes para compor o governo.
Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras
Também indicado por Guedes para compor o governo, Castello Branco deixou o governo no primeiro semestre deste ano, após seguidas críticas de Bolsonaro, que resolveu indicar o general Joaquim Silva e Luna para sucedê-lo.
Vanessa Canado, ex-assessora especial voltada à reforma tributária
Vanessa pediu demissão em março de 2021 e deixou o cargo no final de abril.
A baixa ocorreu justamente no momento em que o ministério tentava mostrar uma retomada da agenda econômica.
Waldery Rodrigues, assessor especial de Relações Institucionais
Engenheiro e ex-secretário especial de Fazenda do Ministério da Fazenda, Waldery Rodrigues decidiu deixar a equipe do ministro Paulo Guedes em agosto deste ano.
Ele era assessor especial de Relações Institucionais quando deixou a pasta. Waldery deixou o cargo de número 2 do ministério da Economia em abril, quando foi substituído pelo então secretário do Tesouro, Bruno Funchal, por decisão do ministro Paulo Guedes, em meio a desgastes nas negociações em torno do Orçamento do ano com o Congresso.
Sua permanência no governo já havia sido posta em dúvida em setembro do ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro disse que daria um "cartão vermelho" a quem propusesse medidas que envolvessem tirar "dinheiro dos pobres para dar a paupérrimos".
Na ocasião, Waldery tinha defendido publicamente medidas como a desindexação das aposentadorias do salário mínimo para financiar um programa social do governo que substituiria o Bolsa Família.
* Com Estadão Conteúdo e Reuters
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